segunda-feira, 16 de maio de 2011

As emoções proporcionadas pelos campeonatos nacionais da Europa em suas retas de chegada


Nos últimos anos, o pensamento de que os campeonatos nacionais europeus proporcionam poucas emoções aos torcedores ganhou uma quantidade significativa de adeptos no Brasil, tornando-se um dos inúmeros clichês do nosso futebol. Várias pessoas, muitas delas que sequer acompanham os torneios do Velho Continente com maior frequência, desvalorizam os certames internacionais, dizendo que os mesmos são previsíveis e não apresentam grandes surpresas ao longo da temporada, principalmente quando comparados às competições aqui disputadas. De fato, há uma intensa variação de vencedores no Campeonato Brasileiro: desde a adoção dos pontos corridos como sistema de disputa, em 2003, foram oito edições e seis equipes diferentes, de três estados distintos, levantando o troféu máximo do futebol nacional.

No entanto, este número deve-se sobretudo à falta de planejamento dos clubes brasileiros, que não mantêm seus principais atletas no ano seguinte à conquista e seus técnicos, principalmente após uma sequência de maus resultados. O Cruzeiro, que conquistara a tríplice coroa em 2003, perdeu o treinador Vanderlei Luxemburgo, campeão pelo Santos em 2004. O Corinthians, vencedor do Campeonato Brasileiro em 2005, viu Tévez, seu principal jogador, se transferir para a Europa após a eliminação na Libertadores em 2006, fato que se repetiria com Adriano no Flamengo em 2010. A exceção é feita ao São Paulo, que manteve Muricy Ramalho no cargo e faturou três títulos brasileiros consecutivos. O mesmo Muricy, campeão em 2010 pelo Fluminense, foi demitido no ano seguinte após o fraco desempenho da equipe carioca nas primeiras partidas da Libertadores.

Na Europa, ao contrário do que alguns pensam, as emoções se estendem até o final das competições na maioria dos casos. Na Premier League, por exemplo, o Manchester United se manteve no topo durante quase toda a temporada, mas foi seguido de perto por Arsenal, Manchester City e, mais recentemente, pelo Chelsea, sendo que o título da equipe de Alex Ferguson só veio no último sábado. Aliás, se os comandados de Ancelotti tivessem vencido o Manchester na 36ª rodada, ambos chegariam aos mesmos 73 pontos faltando só dois jogos para o final do torneio. No meio da tabela, apenas um ponto separa o Tottenham, quinto colocado, do Liverpool, o sexto, que continua vivo na briga por vaga na próxima Liga Europa Lá embaixo, cinco equipes chegam à última rodada com possibilidade de descenso à segunda divisão.

Na Itália, apesar de o título do Milan e a queda de Bari, Brescia e Sampdoria já estarem definidos, a quarta vaga na próxima Liga dos Campeões só será preenchida na última rodada, visto que a Lazio, com 63 pontos, ainda pode ultrapassar a Udinese, com 65. Na Holanda, o campeão só foi conhecido no último final de semana, em uma verdadeira decisão entre o Ajax, até então com 70 pontos, e o Twente, líder com 71. Jogando em seus domínios, a equipe de Amsterdã venceu por 3 a 1 e, após sete anos, voltou a conquistar o campeonato nacional. As exceções ficam por conta da Espanha, que já tem definidos seu campeão e classificados à Champions League, mas mantém a disputa entre três times na zona de rebaixamento, e da Bundesliga, vencida com folga pelo Borussia Dortmund.

A competitividade do Campeonato Brasileiro poucas vezes é colocada em dúvida. Com o pontapé inicial prestes a ser dado para a competição nacional, já no próximo final de semana, é possível apontar pelo menos quatro equipes - na minha visão, Santos, Cruzeiro, Internacional e Fluminense - como sérias candidatas ao título e várias outras à disputa por vaga na Libertadores, ainda que muitas mudanças devam ocorrer na próxima janela de transferências europeia. No entanto, não é justo desvalorizar e pôr em xeque a qualidade e a emoção proporcionadas pelos campeonatos nacionais da Europa, que, além de darem exemplo a todos os outros torneios do mundo no que diz respeito a estrutura e organização, garantem espetáculos nas arquibancadas e ótimas e decisivas partidas aos torcedores dentro das quatro linhas.

No vídeo abaixo, confira a inusitada performance do meia Prince Boateng, que comemorou o título italiano do Milan dançando música de Michael Jackson no San Siro lotado:


Um comentário:

  1. Talvez seja cultural essa loucura de demitir tecnico e sempre achar um culpado pelo fracasso.

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