domingo, 24 de julho de 2011

Título da Copa América consolida trabalho de reestruturação feito por Oscar Tabárez no Uruguai

O livro do futebol ganhou mais um belo e importante capítulo neste domingo, dia 24 de julho de 2011. O estádio Monumental de Nuñez, que vivenciara cenas lamentáveis de violência e vandalismo há pouco menos de um mês, quando o River Plate foi rebaixado pela primeira vez à segunda divisão argentina, agora assistiu à consolidação do renascimento uruguaio no cenário futebolístico. Sob o comando dos ótimos atacantes Luis Suárez e Diego Forlán, a Celeste, conhecida assim em referência à cor azul de seu bonito uniforme, não deu importância ao retrospecto de cinco empates em cinco partidas dos paraguaios, venceu a decisão por 3 a 0 e conquistou a sua 15ª Copa América, desta vez em território rival. Com esse título, os uruguaios ultrapassaram os argentinos, que têm 14 troféus, e se tornaram hegemônicos na competição continental.

Engana-se quem pensa que a tradição do futebol sul-americano se restringe a Argentina e Brasil. Muito pelo contrário. Os responsáveis pelas primeiras conquistas de maior relevância para o continente foram os uruguaios, que deram início à sua vitoriosa trajetória com um bicampeonato olímpico, em 1924 e 1928, o qual lhes valeu o carinhoso apelido de Celeste Olímpica. E as demais glórias não tardaram a aparecer, visto que, em 1930, jogando diante dos olhares de sua apaixonada torcida, a seleção uruguaia conquistou a primeira edição da Copa do Mundo. Vinte anos depois, os uruguaios protagonizaram um dos resultados mais surpreendentes da história do esporte: atuando em um Maracanã com quase 200 mil pessoas, venceram os anfitriões brasileiros de virada e novamente conquistaram o mundo. O episódio em questão ficou conhecido como Maracanaço.

Apesar do enorme sucesso no início, a seleção uruguaia não foi tão bem sucedida nas décadas seguintes. Até 2010, a última grande campanha em Copas do Mundo havia sido em 1970, quando foi derrotada pelo Brasil apenas nas semifinais e alcançou a quarta colocação. Depois disso, o desempenho dos uruguaios, sobretudo nas Copas, foi bastante inferior àquele que lhes garantira inúmeros títulos. Para se ter uma ideia, entre 1974 e 2006, período no qual foram realizados nove mundiais, a Celeste deixou de participar de cinco, ou seja, mais da metade. Nos quatro restantes, apesar de competir, não convenceu sua torcida, e o máximo que conseguiu foi alcançar as oitavas-de-final, em 1986 e 1990. Os dados são ainda mais impressionantes em se tratando de Jogos Olímpicos, que não são disputados pelos uruguaios desde seu último título, em 1928.

Diante desses números, era evidente que a seleção uruguaia necessitava de um trabalho de reestruturação, que foi confiado a Oscar Tabárez, um profissional que, além de competente, sempre se identificou com o futebol local. E as mudanças implantadas por ele não se restringiram à convocação de novos jogadores ou à simples alteração do esquema tático da equipe. Além do incansável treino de fundamentos básicos, semelhante ao que é implantado pelo Barcelona, Oscar deu bastante atenção ao lado "humano" dos atletas, sobretudo aos das categorias de base, que também passam por uma preparação intelectual. Esses jogadores constantemente assistem às glórias do passado uruguaio, o que os motiva a revivê-las, e, o mais importante, não abandonam o ambiente escolar. Afinal, a estrela do futebol não brilha para todos.

Os frutos do planejamento de Tabárez à frente da seleção não foram imediatos, mas não tardaram muito a ser colhidos. Na Copa do Mundo de 2010, os uruguaios conquistaram a quarta colocação, condição que não atingiam desde 1970, e tiveram o melhor jogador do torneio, Diego Forlán. O resultado na África do Sul representou uma evidente evolução, já que, quatro anos antes, o time do Uruguai sequer havia se classificado para o Mundial da Alemanha. Além disso, em 2011, conseguiu os vice-campeonatos da Copa do Mundo sub-17 e do Sul-Americano sub-20, esse último que, 84 anos depois, novamente lhe garantiu vaga nos Jogos Olímpicos. Entre os clubes, o sucesso é o mesmo: em junho, o Peñarol recolocou o Uruguai em uma final de Libertadores, o que não ocorria desde 1987. Agora, o título da Copa América consolida esses números impressionantes.

Além de evidenciar a importância de preparar os jogadores desde cedo e não focar apenas na parte técnica dos mesmos, a seleção uruguaia deixa um exemplo de dedicação e comportamento adequado às outras, sobretudo à brasileira, que não convenceu na competição. Enquanto os uruguaios pareciam antenados ao torneio, a maioria dos comandados de Mano Menezes, salvo raras exceções, não dava a mínima atenção ao campeonato, passando a impressão de que não havia adversários e de que o título brasileiro ocorreria de maneira natural. Não é necessário respirar futebol o dia todo, até porque tal atitude pode ser prejudicial ao grupo. É essencial, porém, ao menos mostrar interesse por uma competição que envolve o sentimento de milhões de torcedores e que ocorre apenas a cada quatro anos. Nessa disciplina, os uruguaios deram aula.

No vídeo abaixo, confira os três gols que garantiram aos uruguaios o título da Copa América. A Celeste reviveu as glórias do passado e deu um exemplo de dedicação e amor à camisa.


2 comentários:

  1. Fico feliz em ver outro país ganhando a Copa America. Chega de Brasil e Argentina com seu futebol moderno. Raça Uruguaia! Lugano Campeão!

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  2. Nóóóóóóóis hahahahahahaha Torcendo para o Uruguai desde a primeira partida!

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