sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Semana do futebol inglês é marcada pelo retorno de ídolos, maior patrimônio que um clube pode ter


É comum avaliar a riqueza das equipes de futebol de acordo com o valor do elenco e com o dinheiro de que dispõem para a contratação de novos reforços. Adotando esses quesitos como referência, times que contam com o apoio econômico estrangeiro, como o Manchester City e o PSG, ficam no topo da lista dos mais ricos. O principal patrimônio que o esporte proporciona, no entanto, não se guarda no bolso, na carteira ou no banco para render juros a cada mês. O maior bem que um clube pode ter, ao lado dos títulos e dos torcedores, são os seus ídolos. Alguns desses atingem tal condição na base da técnica, com passes precisos, finalizações certeiras e lances de efeito. Vários outros, sem a mesma qualidade, recorrem à dedicação e ao esforço físico. Todos eles, porém, de alguma forma contribuíram na construção da história das camisas que vestem com orgulho.

Nesta semana, o futebol inglês foi o palco do retorno de três dessas figuras que ultrapassam a barreira do simples atleta. No último domingo, pela Copa da Inglaterra, City e United fizeram o dérbi de Manchester no moderno Etihad Stadium. Chamou mais a atenção que a beleza do estádio e que os caríssimos elencos em campo, todavia, a presença de um personagem no banco de reservas. Paul Scholes, o quarto jogador que mais vestiu o uniforme do Manchester United, decidiu pegar novamente suas chuteiras, penduradas em maio de 2011, e ficar à disposição de Alex Ferguson. A participação do "ex-aposentado", que entrou no decorrer do clássico e mostrou estar sem ritmo de jogo, não foi das mais felizes. Entretanto, a vitória do United por 3 a 2 e a alegria dos torcedores nas arquibancadas ao reverem um ídolo em ação compensaram qualquer deslize.

Um dia depois, na segunda-feira, Arsenal e Leeds United, duas tradicionais equipes da Inglaterra, duelaram pela mesma competição no Emirates Stadium, a casa dos Gunners. O placar foi de apenas 1 a 0 a favor dos mandantes, e o jogo, sonolento, reuniu poucas jogadas bonitas, mas nem por isso deixou de ser um atrativo. Afinal, a partida marcaria o retorno de Thierry Henry, emprestado ao Arsenal até o início da MLS, a liga de futebol dos Estados Unidos e onde o francês atua. Com 227 gols em 371 aparições, o atacante é o maior artilheiro de todos os tempos do clube, pelo qual fez história e conquistou 7 títulos, dentre eles o Campeonato Inglês da temporada 2003/2004, vencido de forma invicta pela equipe de Londres. No jogo contra o Leeds, Henry saiu do banco e, como nos velhos tempos, marcou o gol da vitória - e da classificação - do Arsenal.

O terceiro personagem não deixou o clube do qual é ídolo, como fez Thierry Henry, e também não se aposentou por um tempo, a exemplo de Paul Scholes. Porém, a sua presença como titular do Liverpool pode ser tratada como um retorno, visto que, nos últimos meses, o meia sofreu com muitas lesões e, por isso, pouco jogou. Trata-se de Steven Gerrard, que na quarta-feira esteve em campo no duelo dos Reds com o Manchester City pela Copa da Liga Inglesa. Gerrard é uma lenda em Anfield, o estádio do Liverpool, onde joga desde os 7 anos. Por esse motivo, dentro de campo, além de acrescentar a qualidade técnica que lhe é peculiar, o capitão torna-se a referência da equipe. Na partida diante do City, a primeira da semifinal, o camisa 8 marcou de pênalti e deixou seu time mais perto da decisão no reformado Wembley, que ainda não recebeu o Liverpool.

Jogadores que têm grande identificação com o uniforme que vestem como os três acima citados são a alma do esporte. E os exemplos da importância dessa relação entre clube, atleta e torcedor não se restringem à Europa. Na mesma semana da volta desses ídolos na Inglaterra, Marcos anunciou oficialmente a sua aposentadoria e, consequentemente, deixou mais pobre o futebol brasileiro, que perdeu não só um goleiro acima da média, como também um dos últimos a demonstrarem fidelidade à camisa em um período no qual os interesses econômicos quase sempre falam mais alto. Eternizar seu nome na história de um clube, seja ele o mais fraco de um torneio de várzea ou o favorito à conquista do título da Liga dos Campeões, não é uma missão fácil. Paul Scholes, Thierry Henry e Steven Gerrard, sem dúvida, fazem isso com perfeição.

No vídeo abaixo, confira o gol de Henry em seu retorno ao Arsenal, clube que tem o atacante como um de seus principais ídolos. Chega a ser contagiante a felicidade do francês, um verdadeiro herói para os Gunners.


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