quinta-feira, 21 de julho de 2011

A importância da manutenção de Tite no comando e dos reforços no ótimo momento corintiano

O ano de 2011 corintiano começou a ser construído em dezembro passado e muito distante da forma como o torcedor sonhava. Afinal, após liderar boa parte do Campeonato Brasileiro de 2010, a equipe empatou em 1 a 1 com o Goiás na última rodada e terminou a competição na terceira colocação, posição que não lhe garantia vaga direta na fase de grupos da Libertadores. Além disso, o zagueiro William, capitão e referência psicológica da equipe nos momentos difíceis, despedia-se dos gramados aos 34 anos, enquanto Elias, um dos principais nomes do elenco até então, acertava os últimos detalhes de sua negociação com o Atlético de Madrid. Todos esses fatores se somavam à inevitável pressão pelo fato de o Corinthians não ter conquistado nenhum título em 2010, ano do centenário do clube.

A primeira "decisão" do ano seria diante do Tolima, da Colômbia, pela fase preliminar da Libertadores, que é tida pelos brasileiros como apenas uma partida de preparação para o restante do torneio. Porém, o que parecia uma simples tarefa se transformou em pesadelo para os corintianos, que ficaram no 0 a 0 com os colombianos no Pacaembu e, uma semana depois, foram derrotados por 2 a 0 fora de casa. Com o resultado, o sonho do título da competição continental, que se tornou obsessão dos torcedores alvinegros nos últimos anos, mais uma vez foi adiado. Além da eliminação, outra importante consequência do insucesso foi a aposentadoria de Ronaldo, que confessou não suportar mais as dores que o perseguiram durante toda a sua carreira. As expectativas ruins do início de 2011 se confirmavam naquela sequência de dias.

Diante de tamanha turbulência, a medida mais cômoda por parte da diretoria corintiana seria tomar uma atitude no calor do momento, ir na onda da maioria dos torcedores e demitir Tite, o que, de maneira indireta, concentraria quase toda a culpa da dolorosa derrota sobre o treinador e isentaria os dirigentes. Porém, o Corinthians nadou contra a maré do futebol brasileiro, que ainda centraliza grande parte da responsabilidade do insucesso no técnico, e manteve Tite, que tinha boa relação com os jogadores e conhecia o elenco à sua disposição. Com o respaldo da diretoria, o treinador corintiano passou a trabalhar com pressão menor e com a consciência de que não seria uma simples derrota que colocaria o seu planejamento à frente da equipe em risco. Ponto positivo para a diretoria corintiana nessa questão e exemplo para os outros clubes.

Além disso, as peças de reposição começaram a chegar. Após oito anos no futebol português, Liédson, que já havia passado pelo Corinthians, retornou ao clube e se tornou referência no ataque. Esse setor, que perdeu Dentinho para o Shakhtar Donetsk, também ganhou outros reforços importantes, como o de Willian, atacante que chegou do Figueirense, não sentiu o peso da camisa e conquistou a posição de titular. Emerson e Adriano, apesar das lesões e das polêmicas nas quais se envolvem, são jogadores de qualidade incontestável e, se mantiverem o espírito de trabalho em equipe, podem ser úteis no futuro. Na criação, o ótimo meia Alex, que foi contratado junto ao Spartak Moscou, é outro que deve deixar a sua contribuição, além do jovem lateral-direito Welder, ex-Paulista de Jundiaí e substituto de Alessandro nas últimas partidas.

Meses depois da eliminação na Libertadores, o Corinthians passou a colher os frutos de ter mantido o treinador após a tragédia. Os comandados de Tite chegaram à decisão do estadual, na qual foram derrotados pelo Santos, e, agora, lideram o Campeonato Brasileiro com folga, sendo que nenhuma equipe havia começado tão bem o torneio desde a era dos pontos corridos, adotada em 2003. E os números só comprovam a superioridade corintiana em relação às demais equipes: em 10 partidas, são 9 vitórias e 1 empate, com 19 gols marcados e apenas 4 sofridos - o melhor ataque e a melhor defesa da competição até aqui. Os pontos acumulados pelo Corinthians nesse momento são fundamentais para a sequência da temporada, visto que é praticamente impossível manter a regularidade em um torneio que começa em maio e se arrasta até dezembro.

Hoje, a equipe corintiana é difícil de ser batida. O time se mostra seguro no sistema defensivo, sobretudo devido ao ótimo trabalho de marcação exercido por Ralf no meio-campo. Um pouco mais à frente, há jogadores criativos, com Danilo em ótima fase e Alex como opção, enquanto o ataque, rápido e eficiente, com Jorge Henrique, Willian e Liédson, além de Emerson, faz a sua parte balançando as redes. Após a vitória por 2 a 0 no jogo contra o Botafogo, o Corinthians abriu uma vantagem de 7 pontos em relação ao São Paulo, o segundo colocado. Muitos podem dizer que em "apenas" três das várias partidas que ainda restam é possível diminuir essa diferença corintiana. Difícil, porém, é acreditar que um time tão confiante no seu próprio potencial como o comandado por Tite vacilará nos próximos jogos e dará essa brecha para os seus adversários.

Um comentário:

  1. Ótima matéria,só acrescentando,a raça demonstrada por todos jogadores faz a diferença e vem dando vitórias.

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