terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A influência da Copa São Paulo de Juniores nas equipes profissionais e o maior ponto falho da competição


Corinthians e Fluminense farão a final da Copa São Paulo de Juniores amanhã, dia 25, data do aniversário da capital paulista, como de costume. A decisão, marcada para o estádio do Pacaembu, outra tradição do torneio, reunirá os dois maiores campeões da competição: o alvinegro já levantou a taça sete vezes - a última delas em 2009, contra o Atlético Paranaense -, enquanto o time carioca o fez em cinco ocasiões - a última em um longínquo 1989, diante do Juventus da Mooca. Ainda que títulos sejam dignos de comemoração independente da categoria, porém, há quem conteste a verdadeira relevância desses números, que nem sempre traduzem com eficiência a qualidade do trabalho de base realizado pelos clubes. Esse raciocínio defende a ideia de que mais importante que erguer o caneco é fornecer o maior número de bons jogadores ao elenco principal.

E é possível inserir nesse contexto os dois finalistas citados acima, principalmente no que diz respeito às conquistas mais recentes das equipes profissionais. Em dezembro, foram inevitáveis as comparações entre o campeão brasileiro Corinthians e o campeão mundial Barcelona no quesito "formação de atletas". Afinal, ao contrário do clube catalão, que revelou grande parte do seu plantel atual, dos 11 titulares de Tite, apenas o goleiro Júlio César cresceu no Parque São Jorge. Além disso, à exceção do camisa 1, nenhum jogador presente nos títulos corintianos da Copa São Paulo em 2004 e 2005 - há 8 anos, tempo suficiente para a transição da base para o profissional - participou com destaque do último Campeonato Brasileiro. A Copinha, portanto, não cumpriu o seu papel e teve mínima - ou nenhuma - importância na conquista da equipe de cima em 2011.

Um ano antes, em 2010, quem conquistava o troféu mais cobiçado do futebol nacional era justamente o Fluminense. E, na campanha do título brasileiro, os comandados de Muricy Ramalho balançaram as redes 62 vezes ao longo dos 38 jogos da competição. O que chama a atenção, no entanto, não é a quantidade de gols marcados, visto que o campeão teve apenas o quarto melhor ataque do torneio, mas como eles se distribuíram pelo elenco. Ao todo, 14 jogadores do grupo marcaram no campeonato, e, desses 14, só dois um dia integraram a base do clube - Alan, hoje no Salzburg, da Áustria, e Tartá, atualmente no Vitória, somaram 6 gols. Apesar do inegável retrospecto positivo na Copa São Paulo, em uma das maiores conquistas de sua história, o Fluminense praticamente não utilizou o pé-de-obra produzido nas próprias Laranjeiras.

Muitos torcedores dão as costas à precedência dos jogadores, sobretudo em caso de título, quando a empolgação normalmente toma todo o espaço da razão. Já se tornou comum no futebol brasileiro, também, comemorar mais os caros retornos de craques da Europa - embora muitos deles voltem já em decadência e em condições físicas e técnicas bastante deficientes - do que o surgimento de um promissor atleta "em casa". É importante ressaltar que a base não resolverá todos os males do futebol. Contudo, um trabalho eficiente realizado com os jovens atletas poderia evitar com que uma equipe da grandeza do Fluminense ficasse 24 anos sem conquistar um título brasileiro. Além disso, os gastos destinados às transferências milionárias, tão comuns hoje em dia, seriam em parte direcionados à melhoria da estrutura física, ponto fraco de vários clubes nacionais.

A própria Copa São Paulo, aliás, caminha na contramão da revelação de bons valores. A atual edição do torneio reuniu 96 times em 24 grupos. Esses números são, claro, desproporcionais às míseras três semanas em que a competição é disputada, aparentemente para que a decisão coincida com o aniversário da cidade de São Paulo, no dia 25. Assim, são necessárias 23 sedes para a realização do campeonato, e a maioria das equipes é obrigada a jogar em gramados em péssima condição, o que claramente prejudica o desempenho dos jogadores. A reserva de mais datas para a Copinha seria boa para grande parte dos clubes, sobretudo para os de menor expressão, que geralmente não disputam competições de alto nível no restante do ano. Em terra de estaduais tão longos, por que dedicar tão pouco tempo àqueles que podem ser o futuro do futebol?

No vídeo abaixo, confira os 9 gols marcados pelo Corinthians sobre o Santos da Paraíba. Desigualdade técnica é uma das principais características do torneio, que poderia ser mais forte e ao mesmo tempo manter a justa "democracia" atual.


Um comentário:

  1. Concordo que meu Timão, assim como todos os outros times, deveriam utilizar melhor a base. Esse Matheuzinho tem uma função muito importante pro time principal: A construção de jogadas, a qual o plantel depende das condições de Alex. Além dele, esse centroavante Douglas serve bem como parede: A bola bate e entra, o jogador bate e cai. O goleiro Matheus Caldeira, invicto até agora, pode ser um ótimo reserva para o Julio.

    ResponderExcluir