sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A quebra de protocolo na escolha de Messi como melhor do mundo e a injusta ausência de Sneijder


Em 2010, ano da Copa do Mundo na África do Sul, a FIFA, instituição máxima do futebol, e a France Football, conceituada revista francesa e responsável pela entrega da Bola de Ouro ao futebolista do ano, decidiram unificar suas premiações dadas ao melhor jogador do mundo. A novidade, porém, não se restringiu à fusão, mas, também, ao critério utilizado no momento da escolha. O desempenho dos atletas no mundial de 2010, o primeiro no continente africano, não foi o único parâmetro aplicado na decisão, e Lionel Messi, mesmo não tendo repetido em sua seleção nacional as brilhantes atuações que nos acostumamos a ver no Barcelona, foi eleito pelo segundo ano consecutivo o melhor jogador do planeta.

Nos anos das últimas três Copas do Mundo, os dois prêmios coincidiram, evidenciando ainda mais o valor dado à maior competição do cenário futebolístico. Exceção feita a 1994, quando Romário, destaque da seleção brasileira, foi eleito pela FIFA, enquanto a France Football optou pelo seu companheiro de Barcelona, Hristo Stoichkov. Em 1998, Zinedine Zidane, autor de dois gols na final contra o Brasil, foi o escolhido. Na Copa da Ásia, em 2002, Ronaldo, o artilheiro do torneio com 8 gols, levantou os dois troféus. Quatro anos depois, o zagueiro Cannavaro, capitão da campeã seleção italiana, também ergueu ambos os canecos.

Na edição de 2010, o protocolo foi quebrado, e a Copa do Mundo foi "ignorada" no momento da escolha. Entre os três pré-selecionados para a conquista do prêmio, Messi, Xavi e Iniesta, o argentino é, sem dúvida, o melhor em ação, além de merecer um desconto pelo fato de a seleção argentina se mostrar bastante desorganizada em relação à espanhola. Mas, de acordo com os critérios utilizados nos anos anteriores, seus concorrentes eram favoritos por terem sido peças fundamentais da inédita campeã Espanha, sobretudo Iniesta, autor do gol decisivo contra os holandeses na grande final. O próprio Messi, após saber do resultado, se mostrou bastante surpreso.

Outro ponto a ser destacado é a injusta ausência de Sneijder. O holandês, ao meu ver, foi o jogador mais decisivo do ano. Além das boas atuações na Copa do Mundo, que poderiam ter sido coroadas com a taça se Robben não tivesse perdido um gol cara a cara com Casillas (com assistência de Sneijder), o meia foi fundamental nas conquistas da Internazionale no primeiro semestre, principalmente na Liga dos Campeões. E, vendo os votos no site da FIFA, é possível perceber que alguns capitães que participaram do último mundial, com direito a voto, compartilham da mesma opinião, como Eto'o, Park Ji Sung e Lugano.

Tenho a impressão de que o ideal seria reunir no mínimo cinco postulantes à conquista da Bola de Ouro em Zurique, na Suíça, local da premiação. É possível nomear pelo menos mais três jogadores que poderiam também concorrer ao prêmio, como o próprio Sneijder, citado anteriormente, Cristiano Ronaldo, que vem tendo um desempenho espetacular no Real Madrid, e Diego Forlán, especialmente pelas ótimas atuações na Copa do Mundo. O evento seria mais justo e teria mais emoções. Os maiores beneficiados seríamos nós, fãs deste esporte fantástico e que ultrapassa os limites das quatro linhas.

2 comentários:

  1. Adorei o texto! Concordo plenamente com a necessidade de se nomear mais de três jogadores à disputa de melhor do mundo. Faltou só destacar "nosso" penta no feminino. Os textos têm sido muito bem escritos! Parabéns!

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