quinta-feira, 28 de julho de 2011

A importância de craques como Ronaldinho e Neymar para um futebol cada vez mais pragmático

Ao longo dos anos, o futebol brasileiro conquistou a admiração daqueles que acompanham o esporte pelo fato de, nas mais variadas épocas, ser capaz de unir técnica, habilidade e eficiência ao mesmo tempo. Quem não se encantou com os dribles desconcertantes de Mané Garrincha na Copa do Mundo de 1962, a segunda vencida pelo Brasil? Ou, um pouco mais à frente, em 1970, quando um verdadeiro esquadrão canarinho, sob o comando de Gérson, Jairzinho, Rivelino, Pelé e Tostão, proporcionou espetáculos em solo mexicano e bordou a terceira estrela na camisa amarela? Em 1982, o time de Falcão, Sócrates, Zico e tantos outros craques não foi campeão do mundo, mas escreveu seu nome na história e deixou um importante legado. Enfim, os exemplos são vários e demandariam muitos outros textos para que fossem abordados da maneira como realmente merecem.

Aos poucos, porém, o futebol foi perdendo parte da sua essência e passou a ser pragmático, salvo raríssimas exceções. Os estratosféricos valores financeiros oferecidos àqueles que estão envolvidos com o esporte aumentaram a pressão e a ambição por vitórias e títulos, que têm de ser conquistados a qualquer custo. Movidos por esse impulso, várias equipes se limitam a obedecer a esquemas táticos recheados de números e setas que, em muitos casos, não levam a nada e pouco contribuem para o sucesso do clube. Essa atitude de se prender a movimentos previamente ensaiados e de atuar na famosa “retranca” não é proibida, já que nem todos têm a oportunidade de vencer com um jogo vistoso e ofensivo. Entretanto, os ingredientes que fazem do futebol um esporte tão interessante, como a habilidade e o improviso, visivelmente são deixados de lado.

Felizmente, ainda existem jogos e jogadores que fogem à regra, como o duelo entre Santos e Flamengo, válido pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro, que comprovou essa tese. Na Vila Belmiro, palco onde Pelé tantas vezes demonstrou toda a sua classe, Ronaldinho e Neymar deram um show à parte e foram os protagonistas de uma partida de nove gols, o que é raro hoje em dia, já que as equipes, temendo o resultado adverso, preferem não se expor muito. No começo, parecia que o jogo seria fácil para o Santos, que abriu 3 a 0 em 25 minutos. Porém, contando com a qualidade de Ronaldinho e Thiago Neves, o Flamengo chegou ao empate ainda no primeiro tempo. Nos 45 minutos finais, o Santos novamente conseguiu a vantagem no placar, 4 a 3, mas o camisa 10 flamenguista, como nos velhos tempos, marcou dois gols e garantiu a vitória por 5 a 4.

O jogo da Vila Belmiro, além dos três pontos para o time carioca, serviu para mostrar que mais importante do que o esquema tático em si é o talento individual de cada jogador. Ronaldinho e Neymar são jogadores que desmontam qualquer esquema adversário em uma “simples” jogada, assim como Messi faz com seus rivais na Europa. O craque rubro-negro dificilmente voltará a jogar no nível que apresentou no Barcelona e que o consagrou como melhor do mundo em duas oportunidades, até porque ele já não tem a mesma idade de antes. Porém, se mantiver uma série de bons jogos, fatalmente fará com que o Flamengo lute pelo título até a última rodada e poderá até aparecer nas convocações de Mano Menezes. Neymar, por outro lado, ainda não saiu do Brasil, mas já dá mostras de que fará história e cativará com seu futebol também os europeus.


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