domingo, 21 de agosto de 2011

O título mundial da seleção sub-20, o lugar de Messi na história e a verdadeira comemoração

As semelhanças entre Mano Menezes e Ney Franco não são poucas. O primeiro, logo após substituir Dunga no cargo, foi quem indicou o segundo para dar início a um trabalho nas categorias de base da seleção brasileira, a exemplo do que vem ocorrendo com Alemanha e Espanha. Além disso, ambos são vistos como importantes nomes da nova safra de técnicos brasileiros. Porém, o quadro se inverte no que diz respeito ao recente retrospecto à frente do time nacional. Enquanto Mano ainda não emplacou como comandante da seleção principal - até aqui, não conquistou nenhuma vitória contra uma equipe de maior expressão e deixou precocemente a Copa América -, Ney já levantou dois troféus com o elenco sub-20. O primeiro, o Sul-Americano, veio no início do ano e garantiu ao time vaga na Olimpíada de 2012. O segundo, o Mundial da categoria, foi conquistado no último sábado, após emocionante decisão contra os portugueses, e merece menção especial.

A campanha do título não começou muito bem. Na estreia, empate em 1 a 1 com o Egito, o que fez Ney Franco pensar em mudança no time titular. Alan Patrick deu lugar a Henrique, que já deixaria o seu no jogo seguinte, quando o Brasil atuou melhor e venceu a Áustria por 3 a 0. Na última partida da fase de grupos, goleada por 4 a 0 sobre o frágil Panamá e primeira colocação garantida. Nas oitavas-de-final, novamente um jogo tranquilo, com vitória por 3 a 0 sobre a Arábia Saudita e mais um gol de Henrique, o que evidenciava o quão feliz fora o treinador na alteração. A facilidade dos últimos jogos não se repetiu no duelo com a Espanha, que terminou em 2 a 2 e foi vencido pelo Brasil nos pênaltis. A vaga na decisão veio depois da vitória por 2 a 0 sobre o México, e, na grande final, Oscar, que marcou três gols, garantiu o título brasileiro: 3 a 2 sobre os portugueses.

De nada adianta, no entanto, ser campeão, mas não conseguir identificar nenhum jogador com potencial para, no futuro, auxiliar o time principal. Afinal, é essa a função primária da categoria de base. Porém, do elenco campeão mundial na Colômbia, é possível levantar no mínimo cinco nomes de qualidade, alguns deles já podendo compor o time de Mano Menezes. O goleiro Gabriel, do Cruzeiro, ainda não teve muitas chances no profissional por concorrer com Fábio, outro jogador de seleção brasileira, mas mostrou potencial durante o torneio, sobretudo na disputa por pênaltis com a Espanha. O lateral-direito Danilo, do Santos, já terá sua primeira oportunidade diante de Gana, no próximo dia 5. Meu destaque nesse setor, entretanto, vai para a dupla de volantes composta por Fernando, um ótimo meia marcador do Grêmio, e Casemiro, importante titular do São Paulo.

Os destaques do time não se restringem ao setor defensivo. O meia Dudu era o responsável por sair do banco e, jogando pelos lados do campo, incendiar a partida. Só o fato de, mesmo sendo reserva, ter marcado três gols na competição, um a mais do que o titular Willian José, mostra que o cruzeirense foi uma das principais figuras da equipe brasileira. Philippe Coutinho, que já tem experiência europeia com a Internazionale, não encantou, mas também não decepcionou, tendo também anotado três tentos ao longo do torneio. Oscar ficou toda a competição sem marcar nenhum gol, mas, na decisão, compensou o jejum e fez três de uma vez. O camisa 11, o maestro do time, mostrou muita qualidade para armar o jogo e finalizar de fora da área. Por fim, Henrique, artilheiro e eleito melhor jogador do campeonato, ganhou a vaga de titular logo na segunda partida, após o empate em 1 a 1 com o Egito na estreia, e correspondeu com cinco gols.

Quando o assunto é Copa do Mundo de 2014, fala-se muito em Ganso, Lucas e Neymar como maiores esperanças para um possível título brasileiro jogando em casa. Sem dúvidas, até o momento, esses três jogadores estão acima dos demais e, justamente, são vistos como pilares do processo de renovação de Mano Menezes. Porém, é importante também dar atenção à ótima geração de Danilo, Fernando, Casemiro, Coutinho, Dudu e Oscar que vem surgindo. Além disso, 2012 é ano de Olimpíada, e o Brasil buscará a inédita medalha de ouro sob o comando de Mano. O time campeão mundial na Colômbia, acrescido dos três jogadores citados anteriormente e de outros atletas mais experientes - lembrando que o futebol nos Jogos Olímpicos impõe um limite de 23 anos, com três exceções -, tem grandes chances de alcançar o sucesso em Londres.

O lugar de Lionel Messi na história

A nova temporada do futebol espanhol começou da mesma forma como a anterior havia terminado. No clássico entre Barcelona e Real Madrid, válido pela decisão da Supercopa da Espanha, a equipe catalã levou a melhor - empatou em 2 a 2 no Santiago Bernabéu e, três dias depois, venceu o rival por 3 a 2 no Camp Nou - e conquistou o título com mais uma esplêndida atuação de Lionel Messi. Com isso, voltam à tona as discussões sobre qual é o lugar do atacante argentino na história do futebol, e as comparações com seu conterrâneo Maradona são inevitáveis. Não vejo necessidade de estabelecer tais relações entre jogadores que atuaram em tempos tão diferentes. Cada atleta tem sua devida importância na época em que jogou, e Lionel Messi, sem dúvida nenhuma, já se consolida como um dos nomes mais notáveis de sua geração.

As comemorações vibrantes ainda existem

Neste domingo, West Ham e Leeds United, dois tradicionais clubes ingleses, duelaram pela quarta rodada da segunda divisão do futebol local. A emocionante partida já se encaminhava para uma vitória por 2 a 1 dos Hammers quando o atacante Adam Clayton, após um lance de grande pressão do Leeds, finalmente empurrou a bola para o fundo das redes e empatou o jogo. Mais impressionante do que o gol, no entanto, foi a comemoração do atacante inglês, que se dirigiu à torcida de seu time e, visivelmente emocionado, abraçou todos aqueles que vibravam com o tento de empate. Em uma época na qual os jogadores brasileiros, em sua maioria, não demonstram nenhuma emoção no momento máximo do futebol, os atletas ingleses comemoram seus gols com admirável empolgação naqueles raros segundos.

Abaixo, veja uma compilação de gols do atacante italiano Filippo Inzaghi, que aproveita como poucos aqueles segundos após ter mandado a bola para o fundo das redes:


Nenhum comentário:

Postar um comentário