domingo, 28 de agosto de 2011

A histórica goleada do Manchester United sobre o Arsenal e o antagonismo vivido por seus jovens valores


Ao término da partida entre Tottenham e Manchester City, vencida pelos Citizens por incontestáveis 5 a 1 - com quatro gols de Dzeko, o novo artilheiro da Premier League -, ficou a impressão de que ela seria a responsável pelo placar mais elástico do final de semana do torneio, visto que faltavam apenas dois jogos para que a 3ª rodada da competição fosse concluída. Porém, um outro duelo, que curiosamente também envolveu equipes de Londres e Manchester, duas das "capitais" do futebol inglês, conseguiu superar a grande quantidade de gols vista em White Hart Lane, o estádio do Tottenham. Em Old Trafford, no clássico entre Manchester United e Arsenal, os comandados de Alex Ferguson aplicaram sobre os rivais uma épica goleada por 8 a 2, a maior da história do confronto, ultrapassaram o City no saldo de gols - ambos têm 9 pontos - e assumiram a liderança.

Em relação ao jogo em si, o placar evidencia que o Manchester United venceu o Arsenal sem nenhuma dificuldade. Com 41 minutos de jogo, os Red Devils já haviam construído uma vantagem de 3 a 0 - com gols de Welbeck, Young e Rooney -, que seria diminuída pelos Gunners no final da primeira etapa, aos 45. No entanto, o gol marcado por Walcott teve pouca utilidade à equipe londrina, e os donos da casa, com Rooney, Nani e Park, logo fizeram 6 a 1. Van Persie, que havia perdido um pênalti quando o jogo estava 1 a 0 para o United, ainda descontou, mas já era tarde. O hat-trick de Rooney e mais um golaço de Young decretaram o placar de 8 a 2. O elástico resultado fez com que o Manchester United assumisse a liderança e que o Arsenal sentisse consequências mais drásticas: apenas a 17ª colocação na tabela e nenhuma vitória em três jogos.

Além do histórico resultado, outra questão envolvendo as duas equipes merece ser discutida: a ocasião em que os jovens valores de cada time vêm sendo introduzidos. A começar pelo lado do Manchester United, o vencedor do clássico. Tom Cleverley (o da foto ao lado), antes de integrar o time principal dos Red Devils, passou por três equipes de menor expressão para adquirir experiência, assim como ocorreu com David Beckham em 1995. Agora, já devidamente preparado, o meia, que vem sendo titular do time na Premier League, tem atuado bem ao lado do brasileiro Anderson no setor central. Também não se pode negar que é importante à jovem promessa inglesa entrar em cena em um bom momento da equipe e, consequentemente, sem muita pressão - afinal, o Manchester United venceu quatro das últimas cinco edições do Campeonato Inglês e participou de três das quatro recentes decisões da Liga dos Campeões.

No próprio Manchester United há outros exemplos de jovens jogadores que não têm sido submetidos a uma situação de protagonismo logo de cara - tal função fica por conta de atletas mais experientes, como Ferdinand, Vidic, Giggs e Rooney. O atacante inglês Danny Welbeck, de 20 anos, que recentemente também jogou por clubes menores, tem correspondido à titularidade no ataque: já marcou dois gols na Premier League até o momento. No setor defensivo, o zagueiro Smalling, de 21 anos, vem atuando bem na lateral-direita, enquanto Phil Jones, de 19 anos, contratado nesta temporada junto ao Blackburn, tem sido o responsável por comandar a zaga, desfalcada dos lesionados Ferdinand e Vidic. A tendência natural, portanto, é de que os jovens jogadores do Manchester United, que entram em uma situação confortável do clube, rendam bem.

O Arsenal, por outro lado, vive uma situação bem diferente à do rival da partida deste domingo. A equipe de Arsène Wenger, treinador que está à frente do clube há 15 anos, não conquista um torneio de grande expressão desde 2005, quando levantou a taça da Copa da Inglaterra. A chance de retornar ao caminho do sucesso veio esse ano, na decisão da Copa da Liga Inglesa diante do Birmingham, mas o time londrino acabou derrotado por 2 a 1 nos minutos finais da partida após falha grotesca da zaga. O resultado negativo, além de manter o Arsenal em uma sequência de seis anos sem títulos, depositou enorme pressão nos jogadores, sobretudo nos mais jovens. Estes, que praticamente não têm a referência de um atleta mais experiente que coloque os nervos dos companheiros no lugar nos momentos adversos da partida, claramente sentem a pressão, principalmente em clássicos.

O quadro ficou ainda pior com as saídas dos dois principais jogadores do Arsenal nos últimos anos: Fàbregas se transferiu para o Barcelona - curiosamente, já ganhou dois títulos em duas semanas pelo clube catalão, igualando a quantidade de troféus que conquistou em oito anos com a camisa dos Gunners - e Nasri foi para o Manchester City. Com isso, quem assume a função de comandar o meio campo da equipe é Jack Wilshere, que está longe de ser uma simples promessa, mas que tem apenas 19 anos. Outro jovem jogador que vem exercendo importante papel no time do Arsenal, visto que Wilshere está lesionado, é Aarom Ramsey, de 20 anos. Somam-se a esses dois jogadores citados anteriormente outros "garotos", como Szczesny, goleiro de 21 anos, Jenkinson, lateral de 19 anos, e Coquelin, volante de 20 anos, todos titulares no clássico.

O insucesso do Arsenal nas recentes temporadas e no início da atual edição da Premier League não quer dizer que uma equipe jovem não possa ganhar títulos com os mais novos na condição de protagonistas. Porém, para que isso ocorra, é preciso que os jogadores mais experientes dividam essa responsabilidade com aqueles que começam a despontar no cenário do futebol e não deixem a esperança de bons resultados depositada sobre os jovens. O Manchester United caminha na direção certa, com Ferdinand e Vidic dividindo a atenção com Smalling e Jones, Nani e Ashley Young com Cleverley, e Rooney com Welbeck. Com o passar dos anos, essas "promessas" subirão de patamar e servirão de referência àqueles que chegarem. O Arsenal, por outro lado, anda na contra-mão, e a tendência é que a "bola de neve" dos Gunners fique cada vez maior.

No vídeo abaixo, confira os 10 gols do clássico entre Manchester United e Arsenal. O placar de 8 a 2 foi o mais elástico da história dos confrontos entre as duas equipes.


Um comentário:

  1. Grande Manchester!!! Ah, se o Barcelona não fosse o que é o hoje em dia...

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