segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CBF divulga o calendário do futebol brasileiro para 2012. E os clubes continuarão sendo prejudicados



Na última sexta-feira, dia 7, a CBF - Confederação Brasileira de Futebol - anunciou como será o calendário do futebol nacional em 2012. E as principais competições domésticas, infelizmente, não sofreram mudanças significativas em suas datas. Os insossos campeonatos estaduais, por exemplo, continuarão ocupando quase um terço do ano, já que começam no dia 22 de janeiro e se estendem até 13 de maio. Uma semana depois, no dia 20, será dada a largada para o Brasileirão, cuja rodada final ocorrerá em 2 de dezembro. A Copa do Brasil, que passará por mudanças mais radicais em 2013, terá duração semelhante à da última edição em 2012: inicia em 7 de março e termina em 25 de julho. Quanto às competições internacionais, Libertadores e Sul-Americana, a exemplo dos últimos anos, ocorrerão no 1º e no 2º semestre, respectivamente.

O mais lamentável, porém, é o fato de que partidas dos clubes e da seleção brasileira continuarão ocorrendo em dias próximos, isto é, não haverá datas reservadas para jogos do time nacional. Até mesmo durante a Olimpíada de Londres, que acontecerá entre 25 de julho e 11 de agosto, o Brasileirão não será interrompido. Portanto, jogadores que atuam no futebol nacional convocados para os Jogos Olimpícos desfalcarão seus clubes por pelo menos duas semanas, visto que ainda há um período destinado à preparação do time. Neste último final de semana, várias equipes jogaram sem as suas principais estrelas, que estão à disposição da seleção para a disputa de amistosos de pouca relevância. Citando apenas dois exemplos, o Santos não teve Neymar contra o Palmeiras, e o Flamengo não pôde contar com Ronaldinho no clássico com o Fluminense.

O maior exemplo vem do futebol europeu, que interrompe as suas competições para que os jogadores estejam à disposição das seleções nacionais sem prejudicar seus respectivos clubes. No mesmo período em que o time de Mano Menezes excursiona pela América para jogar contra Costa Rica e México, as seleções europeias disputam as últimas partidas das Eliminatórias da Eurocopa de 2012 - a penúltima rodada ocorreu na sexta-feira, e a última será amanhã. Enquanto isso, os campeonatos nacionais do Velho Continente foram interrompidos, e, assim, os clubes participantes acabaram não sendo lesados. Obviamente, ao contrário do que alguns pensam, não é possível aplicar no Brasil todas as medidas adotadas na Europa por uma série de fatores, mas, nesse caso, absover o exemplo de um futebol altamente organizado não é uma utopia.

As soluções para ao menos minimizar essas "coincidências" entre jogos dos clubes e da seleção nacional só não são enxergadas por quem não quer vê-las, seja por pura e simples falta de vontade ou por algum interesse financeiro. A mais óbvia delas seria diminuir a duração dos campeonatos estaduais, que ocupam incríveis quatro meses do ano futebolístico brasileiro. E evitar que as equipes sejam prejudicadas nas semanas de partidas da seleção não é o único argumento para tomar tal atitude. Há também o fato de que, no atual formato de disputa, os estaduais não proporcionam nenhuma emoção em suas primeiras rodadas àqueles que o acompanham. No Campeonato Paulista, 8 das 20 equipes - quase metade, portanto - avançam às quartas-de-final, sendo necessária uma catástrofe para que os clubes maiores não se classifiquem.

Nesse contexto, quase todas as críticas que deveriam se direcionar à CBF, a responsável pela formulação do calendário do futebol nacional, caem nas costas de Mano Menezes, "acusado" de retirar dos clubes seus principais jogadores na reta final do campeonato e de, às vezes, tentar beneficiar seu ex-time, o Corinthians, o principal postulante ao título no momento. Porém, é preciso analisar a delicada situação de Mano à frente da seleção brasileira e entender que, hoje, ele precisa contar com vários jogadores que atuam no futebol brasileiro para se manter no cargo, e os principais exemplos são Ronaldinho e Neymar, titulares no atual esquema do time nacional. Assim como no caso do calendário, se Mano não conquista os resultados esperados, as 190 milhões de pedras são atiradas em sua direção, e não na do "todo poderoso" do nosso glorioso futebol.

Confira como ficou o calendário do futebol brasileiro em 2012:

Pré-temporada: 5/1 a 21/1
Estaduais: 22/1 a 13/5
Libertadores: 25/1 a 4/7
Copa do Brasil: 7/3 a 25/7
Copa do Brasil Feminina: 3/3 a 12/5
Série A: 20/5 a 2/12
Série B: 19/5 a 24/11
Série C: 27/5 a 7/10
Série D: 27/5 a 30/9
Copa Sul-Americana: 8/8 a 12/12

Um comentário:

  1. É como eu sempre digo: aos poucos as coisas tem que ser arrumadas, para que ao menos o óbvio seja feito. A exemplo da reformulação da Copa do Brasil, que ocorrerá a partir de 2013, já passou da hora das federações estaduais (ao menos aquelas que abrigam os times mais importantes do país) reformularem suas competições, dando maior abertura tanto para as equipes grandes realizarem uma pré-temporada adequada para seus interesses quanto para a CBF encaixar suas competições fora das chamadas "datas FIFA".

    Pegando e exemplo de São Paulo, na minha cabeça não seria tão difícil fazer isso: bastava dividir o Campeonato Paulista em duas fases, fazendo com que as equipes classificadas para a Série A do Campeonato Brasileiro (independente de serem equipes grandes ou não) apenas entrassem na competição em um estágio mais avançado, ou seja, em uma segunda fase.

    Isso é apenas uma ideia inicial, mas mostra que é possível sim enxugar os estaduais sem ter que extingui-los por completo, o que acabaria com o futebol do interior de vários estados.

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