quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A renovação de Neymar com o Santos até 2014 e o bem que ela deverá fazer ao futebol brasileiro


As especulações a respeito de uma possível transferência para a Europa cresciam na mesma proporção dos verdadeiros espetáculos proporcionados a cada jogo dentro de campo. Entretanto, na tarde da última quarta-feira, dia 9, Luis Álvaro Ribeiro, presidente do Santos, na companhia de Neymar e do pai do craque santista, anunciou a renovação de contrato do camisa 11, que continuará na Vila Belmiro pelo menos até 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil. A notícia da permanência do jogador repercutiu em poucos minutos na mídia internacional e esfriou os ânimos de vários clubes europeus, sobretudo dos espanhóis Barcelona e Real Madrid, que duelavam para contar já nos próximos anos com o melhor brasileiro em atividade. E o futebol nacional, por outro lado, celebra a diminuição da intensidade do êxodo de craques para o Velho Continente.

Nesse contexto da renovação de Neymar com o clube que lhe forneceu toda a estrutura para o seu desenvolvimento e que o projetou para o mundo, vários pontos positivos podem ser evidenciados. A começar pelo prazer de poder acompanhar o santista de perto por, no mínimo, mais três anos, principalmente em um período no qual diversos clubes brasileiros já se conformam com a precoce saída de jovens jogadores para a Europa, que, inegavelmente, é o mercado mais poderoso do futebol. Além disso, a permanência da maior esperança brasileira para a próxima Copa do Mundo pode despertar o mesmo sentimento em outras promessas, que passarão a dar prioridade ao Brasil no início e, só depois, pensarão em brilhar nos gramados europeus. Seria ótimo se jogadores como Lucas, Oscar e Leandro Damião seguissem essa mesma linha de raciocínio.

A decisão do melhor jogador brasileiro em atividade, porém, não deve gerar consequências apenas em território nacional. A permanência de Neymar, somada à presença do santista na lista dos 23 melhores jogadores do mundo em 2011 feita pela FIFA, prova que é possível jogar no Brasil e, ao mesmo tempo, ter seu talento reconhecido em todos os outros continentes, além de mostrar que o futebol brasileiro, em alguns casos, é capaz de competir financeiramente com os clubes internacionais. Com isso, jogadores que atuam na Europa, sobretudo os que vivem má fase, podem ser atraídos pelo ótimo momento do futebol nacional e retornar ao Brasil cientes de que, se desempenharem um bom papel por aqui, podem se manter na mídia esportiva mundial, que também observa com maior atenção o país-sede da próxima Copa do Mundo.

Há de se ressaltar, em contrapartida, que haverá poucos confrontos diretos entre Neymar e as maiores estrelas da Europa, como Messi e Cristiano Ronaldo, vistos como os principais adversários do camisa 11 na luta pelo prêmio de melhor jogador do mundo. Sendo assim, tal reconhecimento pode - e deve - não vir no período em que Neymar atuar no futebol brasileiro, ainda que este esteja em uma crescente importante. No entanto, como o próprio santista disse na entrevista coletiva após o anúncio, o título de melhor jogador do planeta não é essencial para o sucesso de um atleta. Além disso, é perfeitamente possível que Neymar faça uma ótima Copa do Mundo e ganhe o prêmio em 2014, quando terá apenas 22 anos, mesma idade com que Messi foi eleito pela primeira vez, em 2009. Cristiano Ronaldo ganhou o prêmio em 2008, "já" com 23 anos.

A permanência de Neymar, portanto, representa muito bem o grande momento do nosso futebol. Contudo, "só" isso não é o suficiente. É preciso que os dirigentes brasileiros repensem algumas questões, como o calendário completamente desorganizado, assunto sobre o qual falei há algumas semanas, e tomem atitudes que façam com que o futebol nacional se torne ainda mais atraente para os atletas que aqui surgem e os que um dia pensam em retornar. O Brasil, cinco vezes campeão mundial e historicamente conhecido como um celeiro de craques, tem um enorme potencial para voltar a ser, de fato, um mercado atrativo para jogadores dos quatro cantos do planeta, e as mudanças devem começar a ser feitas na estrutura, como na organização dos torneios. A tendência é que outros craques apareçam e por aqui mesmo se instalem.


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