quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pentacampeão mundial, futebol brasileiro ainda dispõe de ferramentas para sua importante promoção lá fora


A desvalorização do futebol brasileiro em outros continentes e o pouco interesse demonstrado pelos europeus em relação às competições aqui realizadas são temas recorrentes nas mesas de debate. Essas discussões vêm à tona sobretudo quando é divulgada a lista dos melhores jogadores do mundo, na qual atletas que atuam no Brasil, mesmo jogando bem, raramente estão incluídos. E, nessa semana, o assunto voltou a ser comentado após o site oficial do Marca, um importante jornal esportivo da Espanha, ter trocado o escudo do Santos pelo da Ponte Preta na página dos participantes do Mundial de Clubes de 2011. Deixando de lado a ideia de que essa "confusão" tenha sido proposital, o fato levanta uma dúvida: por que os europeus desconhecem várias questões ligadas ao nosso futebol, inclusive o símbolo de um dos clubes mais tradicionais do planeta?

O futebol brasileiro, embora pentacampeão do mundo, deixou de ser um atrativo para os estrangeiros, e isso explica em parte os casos acima citados. Os longos campeonatos estaduais, que normalmente reúnem estádios vazios, gramados onde parece ser impossível praticar esporte de alto nível e qualidade técnica questionável, dificilmente vão despertar interesse em um inglês, por exemplo. Além disso, na última Copa do Mundo, apenas três jogadores do elenco que foi à África do Sul vestiam a camisa de algum clube brasileiro - Robinho, Gilberto e Kléberson, que defendiam as cores de Santos, Cruzeiro e Flamengo, respectivamente. Dos três, só o santista era titular na equipe de Dunga. Isso significa que, caso um holandês quisesse conhecer um possível adversário no Mundial, acompanhar o Campeonato Brasileiro, sem dúvida, não seria a melhor opção.

Esse quadro parece começar a perder velocidade com o bom momento econômico vivido pelo Brasil - somado à instabilidade financeira da Europa - e com os clubes criando alternativas para manter seus principais jogadores no país. Porém, há outros meios para fortalecer a imagem do futebol brasileiro no Velho Continente e, por conseguinte, torná-lo mais rentável com, por exemplo, a aquisição de produtos licenciados por parte de estrangeiros. O Milan tem uma estratégia de marketing chamada Milan Junior Camp, que consiste em uma colônia de férias instalada em várias cidades do Brasil onde os jovens podem viver um pouco o ambiente do clube italiano. Outro bom caminho é a disputa de torneios amistosos em solo europeu, como aconteceu com o Internacional, que, em julho, juntamente com Barcelona, Bayern de Munique e Milan, disputou a Copa Audi.

De nada adianta, entretanto, que os europeus valorizem o futebol brasileiro e que os próprios dirigentes responsáveis pelo esporte mais popular do país não o façam. A realização dessas competições amistosas em outros continentes só será frequente se o nosso calendário futebolístico for adaptado ao utilizado pela maioria. Afinal, enquanto os maiores clubes da Europa fazem suas pré-temporadas, que geralmente acontecem em julho, as equipes brasileiras ainda vivem as primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro e, às vezes, as fases finais da Copa do Brasil e da Taça Libertadores. Partidas começando às 10 da noite também nadam contra a maré. À exceção de duelos muito importantes, jogos nesse horário costumam atrair públicos pequenos, principalmente nas cidades maiores, onde o retorno para casa é bastante demorado e perigoso.

O Brasil é pentacampeão mundial e um verdadeiro celeiro de craques. Poucos países no mundo conseguem produzir jogadores da qualidade de Leônidas, Pelé, Garrincha, Tostão, Falcão, Zico, Sócrates, Careca, Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e tantos outros. Não há quem conteste o futebol brasileiro no que diz respeito à tradição e aos históricos atletas revelados ao longo das décadas. No entanto, "apenas" isso não sustenta a imagem dos clubes em países distantes, e o reconhecimento de que é necessário divulgar suas marcas fora do Brasil pode ser o primeiro passo para que a maioria das equipes ao menos amenize os constantes balanços negativos no final do ano. Um futebol tão competitivo como o brasileiro, que chega à última partida do ano com vários campeonatos à parte e clássicos acirrados, merece um público muito maior.

No vídeo abaixo, confira uma declaração de Roberto Carlos, à época jogador do Fenerbahçe, da Turquia. O lateral-esquerdo, que também já vestiu as camisas de Internazionale e Real Madrid no Velho Continente, relata como os europeus encaram o futebol brasileiro.


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