sábado, 10 de dezembro de 2011

Hegemônicos no futebol espanhol, Real Madrid e Barcelona fazem "campeonato à parte" no Bernabéu


O Mundial de Clubes começou no último dia 8 com a vitória por 2 a 0 dos anfitriões do Kashiwa Reysol sobre o Auckland City. No Japão e no mundo todo, a expectativa maior é, sem dúvida, em relação à possível decisão entre Barcelona e Santos, as duas potências da competição. E os santistas já estão totalmente focados na missão de chegar à final do dia 18, em Yokohama, que pode valer o terceiro título mundial da história do clube brasileiro. Em compensação, do lado dos catalães, por enquanto pouco se fala no campeonato que, para eles, se inicia na próxima quinta-feira, contra Al-Sadd ou Espérance. E essa pequena preocupação não se dá por conta do tão falado desinteresse que têm os europeus pelo Mundial, supostamente "ignorado" por clubes do Velho Continente, tampouco de uma soberba por parte do Barcelona, o melhor time da atualidade.

O motivo determinante é o clássico que têm os comandados de Guardiola contra o Real Madrid neste sábado, no Santiago Bernabéu. O duelo entre madridistas e catalães, aliás, já ganhou a condição de "campeonato à parte" e dominou o futebol local há algum tempo. Afinal, a taça do Campeonato Espanhol não sai das mãos de um desses dois desde 2004, quando o Valência se sagrou campeão. Das sete edições disputadas de lá para cá, o Barcelona terminou o torneio na 1ª colocação em cinco ocasiões - e, incrivelmente, com o rival da capital sendo o vicecampeão em todas as campanhas vencedoras. O Real Madrid levantou a taça duas vezes, com os catalães na segunda posição em uma delas - exceção feita à temporada 2007/2008, a última de Frank Rijkaard à frente do clube. Ou seja, em sete anos, só não houve a "dobradinha Barça-Real" uma vez.

A supremacia de Barcelona e Real Madrid sobre os outros clubes de todo o mundo, e não apenas da Espanha, pode ser confirmada em uma simples análise. Em novembro, a FIFA divulgou a lista dos 23 jogadores que concorriam à Bola de Ouro em 2011. De todos eles, 12 - ou seja, mais da metade - pertenciam a uma das duas potências espanholas. O Barcelona contava com oito atletas na lista - cinco deles formados nas categorias de base do clube -, enquanto o Real Madrid era representado por quatro jogadores. No último dia 5, os três finalistas ao prêmio de melhor do mundo foram divulgados, e, como já se tornou comum nos últimos anos, todos eles jogam em um dos dois que fazem o clássico deste sábado - Messi e Xavi, do Barcelona, e Cristiano Ronaldo, do Real Madrid. O reinado dos dois gigantes espanhóis, portanto, leva a melhor em mais um quesito.


Essa superioridade evidencia a contradição vivida pelo futebol espanhol no momento. De um lado, Barcelona e Real Madrid assinam contratos de patrocínio e de televisão milionários, o que, obviamente, lhes dá o direito de ir constantemente ao mercado e de contar com os melhores jogadores disponíveis - sendo o melhor exemplo a contratação de Cristiano Ronaldo, que fez o clube da capital desembolsar 93 milhões de euros em 2009. No outro extremo, clubes de menor expressão, que pouco representam no cenário europeu, não atraem patrocínios volumosos e, por isso, mergulham em crises econômicas, não podendo competir com catalães e madridistas e, inclusive, deixando de pagar seus atletas em dia. Essa foi a principal motivação para jogadores espanhóis organizarem uma greve, a qual atrasou o início do campeonato nacional em agosto.

Em relação à partida deste sábado, é evidente que o Real Madrid, três pontos à frente do Barcelona na liderança e com um jogo a menos, entra em situação mais confortável. Um empate, por exemplo, mantém a vantagem dos madridistas, que, se vencerem a partida que lhes resta, podem abrir seis pontos para o rival - e, em um torneio no qual os adversários raramente ameaçam os dois postulantes ao título, isso significa muito. Por isso, José Mourinho já indica que poderá entrar com três volantes - Xabi Alonso, Khedira e Lass Diarra - para segurar ao máximo o poderio ofensivo do Barcelona e jogar na velocidade do contra-ataque, principalmente com Cristiano Ronaldo pelos lados do campo. Em contrapartida, o Barcelona, sabendo da necessidade de fazer o resultado, não deve abrir mão de sua ofensiva tática com três meias e três homens de frente.

Real Madrid e Barcelona têm proporcionado jogos fantásticos nos últimos anos. Só em 2011, as equipes de Guardiola e Mourinho já duelaram em seis ocasiões e por quatro competições diferentes - Campeonato Espanhol, Copa do Rei, Champions League e Supercopa Espanhola -, com duas vitórias catalãs, uma madridista e três empates. Não há dúvida de que nenhum clássico no mundo reúne tantas estrelas em uma só partida - como a de sábado, na qual estarão presentes os três melhores jogadores do mundo. Porém, o futebol espanhol ganharia muito em qualidade e emoção se equipes tradicionais como Sevilla, Valência, Atlético de Madrid e La Coruña pudessem fazer frente às duas potências do país campeão do mundo em 2010. Assim, 380 partidas decidiriam o título na Espanha, e não apenas as duas "decisões" entre Barcelona e Real Madrid.

No vídeo abaixo, confira os melhores momentos da vitória do Barcelona sobre o Real Madrid por 3 a 2. O resultado garantiu o título da Supercopa da Espanha aos catalães, que em 2011 ainda faturaram o Campeonato Espanhol e a Champions League.


Nenhum comentário:

Postar um comentário