segunda-feira, 2 de julho de 2012

O merecido título espanhol, a quebra de paradigmas e a minha seleção da Euro 2012

A incrível geração espanhola que conquistou a Europa e o mundo

A Espanha foi merecidamente campeã europeia ao golear a Itália por 4 a 0 na grande decisão. Com a vitória do domingo, essa seleção colocou de vez o seu nome na lista dos maiores times da história, ao lado de equipes como o Uruguai das décadas de 20 e 30, a Hungria de 1954, a Holanda de 1974, o Brasil em seus títulos mundiais e em 1982, a Itália desse mesmo ano e a Argentina de 1986, por exemplo. Para se ter uma ideia do feito dessa geração, liderada por jogadores que certamente serão lembrados como uns dos grandes de todos os tempos, sobretudo Xavi e Iniesta, vale ressaltar que, em quatro anos, ela colocou a Espanha no mesmo degrau da tradicional França, pelo menos no que diz respeito a conquistas de maior relevância: duas Eurocopas e uma Copa do Mundo. Há quem não goste desse estilo de jogo espanhol. Inegável, porém, que é vencedor.

A Euro 2012, além de ter consagrado a Espanha, foi importante por quebrar alguns paradigmas que já parecem instalados na cabeça de muitas pessoas que acompanham o futebol. E dois deles estão diretamente relacionados aos dois finalistas. A seleção espanhola foi campeã sem um centroavante de origem, sistema que, inclusive, chegou a ser criticado no início do torneio, o que levou Vicente Del Bosque a escalar Fernando Torres e Álvaro Negredo em algumas partidas. Na grande decisão, contudo, lá estava Cesc Fàbregas como o "falso camisa 9". Já a Itália, contrariando aqueles que acreditam que a tetracampeã mundial se restringe ao jogo defensivo, terminou como a equipe que mais finalizou a gol ao longo da Euro: 61 chutes em direção à meta adversária, média de mais de 10 por jogo. Um título italiano com certeza não seria injusto.

Abaixo, a minha seleção da Euro, competição que, à parte os problemas extra-campo, como atos de racismo e agressões entre habitantes de países que ainda se dizem "rivais" (digo à parte porque questões como essas não devem ser tratadas pelo blog, mas pela UEFA e por autoridades policiais), apresentou ótimos jogos e cenas que ficarão marcadas, como a bela cerimônia de encerramento, Buffon dando aula de como se canta o hino de uma nação, o choro de tristeza dos italianos após a goleada e, claro, a festa dos jogadores espanhóis com suas famílias depois da conquista do título.  

Gianluigi Buffon (Itália):
Buffon pode ser facilmente colocado na lista dos maiores goleiros da história ao lado de nomes como Lev Yashin, Gordon Banks, o compatriota Dino Zoff e o adversário desta final, Iker Casillas (que, aliás, gerou uma enorme dúvida em mim sobre quem colocar nessa posição). Depois de se lesionar e perder praticamente toda a Copa do Mundo de 2010, o goleiro campeão italiano com a Juventus voltou a fazer uma grande competição vestindo a camisa da seleção, com direito a milagres e defesa de pênalti.

Philipp Lahm (Alemanha): com 28 anos, o lateral do Bayern de Munique é um dos "medalhões" dessa seleção alemã, que conta com vários jovens jogadores. Ainda assim, Lahm consegue acompanhar o ritmo de seus companheiros e manter a regularidade de sólidas exibições com a Alemanha.

Sérgio Ramos (Espanha): poucos contestam que o ponto forte dessa histórica Espanha é a qualidade técnica dos jogadores do setor central, do primeiro ao último homem de meio-campo. Ao mesmo tempo, não dá para negar que o título desta Euro está diretamente ligado à defesa espanhola, que sofreu apenas um gol graças, em grande parte, às ótimas atuações do zagueiro merengue.

Pepe (Portugal):
para algumas pessoas, Pepe não passa de um zagueiro grosso que vive entrando com maldade em seus adversários. Nessa Euro, no entanto, o jogador do Real Madrid mostrou que, com os nervos no lugar, pode ser peça fundamental nos esquemas da seleção portuguesa e do clube merengue.

Jordi Alba (Espanha): é possível dizer que a Euro 2012 colocou o lateral-espanhol em um patamar superior. E poucos jogadores deixam a competição tão por cima como Alba. Afinal, foi dele o segundo gol da Espanha na decisão contra a Itália, além de, durante o torneio, o poderoso Barcelona ter anunciado a sua contratação.

Xabi Alonso (Espanha): o genial Xavi, um dos grandes responsáveis pelos ótimos resultados da Espanha recentemente, não fez uma competição à altura de toda a sua qualidade (exceção feita à decisão, na qual ele brilhou). Por isso, muitas das jogadas mais agudas da campeã europeia têm a autoria de Xabi Alonso, que marcou os dois gols na vitória espanhola por 2 a 0 sobre a França, nas quartas-de-final.

João Moutinho (Portugal): os mais simplistas dizem que a seleção portuguesa se limita ao lado esquerdo, onde atua Cristiano Ronaldo, inegavelmente o craque do time. Afirmar isso, porém, é uma injustiça com João Moutinho, que criou muitas oportunidades para Portugal, como o cruzamento para o camisa 7 que resultou no único gol da equipe na partida contra a República Tcheca, pelas quartas-de-final.

Andrea Pirlo (Itália): um título da Itália coroaria a incrível temporada de Pirlo, campeão italiano de forma invicta em seu primeiro ano com a camisa do Juventus. A derrota na final, no entanto, não apaga a ótima competição do camisa 21, para mim, o grande craque da Euro. Ao lado de meias como Xavi e Iniesta, Pirlo é a prova de que a qualidade técnica ainda se sobressai, embora o preparo físico desses jogadores também seja ótimo.

Andrés Iniesta (Espanha): ao lado de Pirlo, Iniesta foi, sem sombra de dúvidas, o craque da Euro. O meia espanhol, a meu ver, já frequenta a lista não apenas dos melhores jogadores da atualidade, mas de todos os tempos. Em seu currículo, todos os títulos possíveis, com o Barcelona e com a seleção espanhola: Campeonato Espanhol, Copa do Rei, Eurocopa, Copa do Mundo e tantos outros. E o mais importante, sendo imprescindível em todos eles.

Cristiano Ronaldo (Portugal): o início de Euro não foi dos melhores para o capitão português, principalmente na partida contra a Dinamarca, na qual ele perdeu dois gols que poderiam valer a classificação de sua seleção. Nos jogos seguintes, entretanto, Cristiano Ronaldo fez o que dele se espera e quase levou Portugal às semifinais, sendo um dos grandes destaques da competição. No momento, não vejo um favorito entre ele e Messi pelo concorrido prêmio de melhor jogador do mundo.

Mario Balotelli (Itália): como disse no texto escrito logo após as semifinais, já ouvi muitas pessoas falando com toda a certeza do mundo que Balotelli não passa de um jogador encrenqueiro e que quer atrair os holofotes para si. Não discordo da segunda parte. Mas não vejo problema nisso, desde que o jogador corresponda com gols em campo. E esse foi o caso do camisa 9 italiano, que fez dois na difícil semifinal contra a Alemanha.

Cesare Prandelli (Itália): o equívoco de usar a terceira substituição logo no início do segundo tempo, perder o lesionado Thiago Motta e deixar a Itália com 10 jogadores durante grande parte do jogo não tira os méritos de Prandelli, que, alterando o time do esquema de três para quatro defensores ao longo da competição, blindou a seleção dos escândalos de apostas no futebol italiano e a recuperou de uma péssima campanha na Copa do Mundo de 2010.

Nomes que merecem ser lembrados: Iker Casillas (Espanha), Theodor Gebre Selassie (República Tcheca), Gerard Piqué (Espanha), Matts Hummels (Alemanha), Fábio Coentrão (Portugal), Daniele De Rossi (Itália), Sami Khedira (Alemanha), Steven Gerrard (Inglaterra), Bastian Schweinsteiger (Alemanha), Luka Modric (Croácia), Mesut Özil (Alemanha), Alan Dzagoev (Rússia), Cesc Fàbregas (Espanha) e Mario Mandzukic (Croácia)

Revelação: Jordi Alba (Espanha)

Craque: Andrea Pirlo (Itália)

A seguir, assista à incrível cerimônia de encerramento da competição:

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