domingo, 23 de setembro de 2012

Jogadores caminham na contramão de teoria e se adaptam rapidamente a seus novos clubes

Eden Hazard é líder em assistências da Premier League
É comum ouvirmos dizer que, quando um clube contrata um jogador, suas boas atuações podem não ser imediatas. Afinal, o processo de adaptação ao ambiente, aos companheiros de equipe e aos métodos de treinamento do novo comandante às vezes demanda tempo. Esse discurso normalmente é adotado por alguns dirigentes que, vendo sua contratação não dar resultado a curto prazo, pedem paciência à torcida e à imprensa.

Na Europa, porém, vários jogadores têm ido de encontro a essa teoria de que a mudança de clube ou de país necessariamente exige um período de "ambientação". E Zlatan Ibrahimovic, contratado em julho pelo Paris Saint-Germain por 21 milhões de euros, é um exemplo. O sueco de 30 anos já havia passado por diversos países, como Holanda, Itália e Espanha, mas nunca pela França. Apesar disso, a julgar pelo seu excelente início de temporada, o atacante parece atuar no futebol francês há muito tempo. O camisa 18 já disparou na artilharia da Ligue One com sete gols marcados e, segundo dados do site Trivela, 80% dos tentos anotados pelo PSG no campeonato nacional tiveram sua participação.

Lucas Podolski construiu toda a sua carreira na Alemanha. Em dez anos como profissional, defendeu apenas dois clubes: Colônia e Bayern de Munique. O atacante de 27 anos, no entanto, não vem encontrando muitas dificuldades para se encaixar no rápido e dinâmico futebol inglês com a camisa do Arsenal, clube que investiu 12 milhões de euros para contar com o polonês naturalizado alemão. Com dois gols marcados, Podolski tem apresentado um bom desempenho nesse início de campanha dos Gunners. O mesmo é possível dizer de Santi Cazorla, dono de um gol e uma assistência. Campeão da Euro com a Espanha em 2012, Cazorla também só havia atuado em seu país de origem - o espanhol tem passagens por Recreativo, Villarreal e Málaga.

O caso do Chelsea é ainda mais interessante. Quem tem tomado as rédeas são jogadores jovens que nunca haviam vestido a camisa de um time inglês. Mas isso não parece ser problema. Na Premier League, o grande nome da equipe é Eden Hazard, belga de 21 anos. Contratado em maio por 40 milhões de euros, o meia vem dando um excelente retorno em suas primeiras partidas pelo clube: já são cinco assistências na competição inglesa, média de uma por jogo. Na Liga dos Campeões, o destaque dos Blues atende por Oscar, pelo qual Roman Abramovich desembolsou 32 milhões de euros em julho. Em sua primeira aparição como titular, na última quarta-feira, o brasileiro marcou dois belos gols na estreia do time londrino, que empatou em 2 a 2 com a Juventus.

A situação de Robin van Persie é diferente. Ao contrário dos jogadores citados acima, que nessa temporada atuam em ligas inéditas em suas carreiras, o holandês conhece como ninguém os atalhos da Premier League, visto que disputa a competição desde 2004, quando o Chelsea o contratou - ele foi, inclusive, o artilheiro da última edição com 30 tentos. Mas o atacante também se mudou de clube e merece ser citado, principalmente pelo bom começo de caminhada com seu novo time, o Manchester United. Os cinco gols marcados até aqui, quase metade dos 12 dos Red Devils no torneio, o colocam na briga pelo "bicampeonato" da artilharia e, o mais importante, foram essenciais para que os comandados de Alex Ferguson continuassem na cola do líder Chelsea.

Acho essa ideia de adaptação compreensível, mas em casos isolados. No Brasil,  o maior exemplo é o de Clarence Seedorf, contratado em junho pelo Botafogo. Muitos vão argumentar que o holandês já conhecia o país pelo fato de sua esposa ser brasileira, mas vale lembrar que toda a sua carreira foi construída em solo europeu. Detalhe: Seedorf ainda teve de se adaptar a aspectos negativos do Campeonato Brasileiro, como o péssimo estado da maioria dos gramados. Passado algum tempo, o meia já é um dos destaques da competição com seis gols marcados. Como eu já disse, esse é um caso específico. Em muitas outras situações, porém, o tal "período de ambientação" oculta fatores que podem estar sendo muito mais determinantes nas atuações de um atleta.

Confira o ranking dos valores dos atletas acima citados:

1º. Eden Hazard saiu do Lille para o Chelsea por 40 milhões de euros
2º. Oscar saiu do Internacional para o Chelsea por 32 milhões de euros
3º. Robin van Persie saiu do Arsenal para o Manchester United por 30,7 milhões de euros
4º. Zlatan Ibrahimovic saiu do Milan para o PSG por 21 milhões de euros
5º. Santi Cazorla saiu do Málaga para o Arsenal por 19 milhões de euros
6º. Lucas Podolski saiu do Colônia para o Arsenal por 12 milhões de euros

No vídeo abaixo, veja o desempenho de Oscar na partida contra a Juventus, pela Liga dos Campeões. O brasileiro marcou os dois gols do Chelsea na partida e já dá indícios de que o investimento de 32 milhões de euros do clube inglês valeu a pena.

3 comentários:

  1. Acho que essa adaptação rápida vai de acordo com a obediência tática e principalmente de jogador para jogador.

    Esses destaques que vc citou se deram tão bem devido a grande qualidade deles e a facilidade em se encontrar no esquema de jogo de seus treinadores...

    Quando o esquema não é adequado e não o privilegia,fica difícil.

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  2. Isso varia muito de jogador pra jogador. Oscar é um exemplo de que se adapatou com muita facilidade no Chelsea. Talvez digam que ele é um bom jogador e por isso fica fácil atuar em qualquer time. Um exemplo de bom jogador, ou pelo menos disseram ser um bom jogador é do argentino Matias Defederico, contratado pelo Corinthians em 2009, chegou como sendo o 'novo Messi' e sua adapatação não foi das melhores, passando vários jogos sem se destacar, até chegar ao banco, e em fim ser emprestado.
    Isso vária de cada jogador, independente de sua qualidade, também vária do time, a forma de acolher o jogador, dentre outros fatores.

    André Mazaron

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  3. Como é a minha primeira visita ao BLOG DO CAIRO, vou atentar meu comentário a tecer elogios ao formato, pautas, e o cuidado com que redige seus textos, de forma clara, de fácil entendimento.

    A forma culta da literatura jornalística muito bem amarrada com a simplicidade que pede o tema mais popular do país quiçá do mundo.

    Parabéns pelo trabalho

    Abraço.

    Binho Mendes

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