terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Histórico recente do Atlético Mineiro ajuda a entender euforia dos torcedores ao término do Brasileirão

Bernard, Ronaldinho e Pierre, destaques do Galo em 2012
27 de novembro de 2005. Penúltima rodada do Campeonato Brasileiro. À beira do rebaixamento, o Atlético Mineiro entra no gramado do Mineirão para enfrentar o Vasco da Gama com a seguinte escalação: Bruno; Cáceres, Lima e Thiago Junio; Rodrigo Dias, Alicio, Rafael Miranda, Tchô e Rubens Miranda; Pablo Gimenez e Renato. A defesa até tem sucesso na missão de parar Romário, que seria o artilheiro da competição com 22 gols, mas o ataque não marca, e o 0 a 0 decreta o primeiro descenso da história atleticana.

O Galo despertou desse pesadelo rapidamente e retornou à elite em 2006 arrastando multidões ao estádio, como já se tornou corriqueiro com grandes clubes na segunda divisão. Os anos seguintes, porém, voltaram a ser nebulosos para o Atlético, especialmente se levarmos em consideração os bons resultados obtidos pelo Cruzeiro. E é inegável que essa comparação com o maior rival faz muita diferença para o torcedor, sobretudo em estados que possuem somente dois times de maior expressão. É assim no Rio Grande do Sul, com Grêmio e Internacional, na Bahia, com Bahia e Vitória, no Pará, com Paysandu e Remo, e em Minas Gerais, com Atlético e Cruzeiro. Nesse duelo mineiro, quem quase sempre levava a pior nas temporadas recentes era a parte alvinegra.

Talvez os dois anos que melhor ilustrem esse cenário sejam os de 2008 e 2009. Os rivais de Minas fizeram a decisão do estadual em ambos e, incrivelmente, o Atlético foi goleado por 5 a 0 nas duas oportunidades, o que deixou os atleticanos arrasados. Como ir à escola ou ao trabalho depois de uma derrota como essa para o principal concorrente? Para piorar, nas duas edições do Brasileirão, o Cruzeiro ficou na frente do rival. Em 2008, o Galo foi o 12º, enquanto a Raposa terminou em terceiro. Em 2009, o Atlético até esboçou brigar pelo título, mas acabou em sétimo, três posições abaixo do Cruzeiro, o quarto. O que aliviou o sentimento de decepção foi a vitória do Estudiantes sobre os cruzeirenses na final da Libertadores. Mas se contentar com isso era pouco.

As outras duas temporadas após a volta à primeira divisão não foram diferentes. Em 2007, Galo em sétimo e Cruzeiro em quinto. Em 2010, o Atlético foi o 13º, a três pontos do chamado "Z-4", e a Raposa ficou com o vice-campeonato, a dois pontos do campeão Fluminense, classificando-se novamente para a maior competição da América. A possibilidade de se redimir com a torcida veio no Brasileirão de 2011. Não que o Atlético tenha disputado a taça até o final. Pelo contrário. Só que o clube alvinegro finalmente terminaria na frente dos cruzeirenses e chegou à última rodada com chances de rebaixar o rival para a segundona. O Galo, no entanto, foi goleado por 6 a 1 em um jogo que levantou muitas suspeitas e, inacreditavelmente, virou o ano de mal com os torcedores.

Todos esses episódios decepcionantes explicam em grande parte a euforia da torcida do Atlético Mineiro, que muito tempo depois terá um final de ano bem mais feliz que o do Cruzeiro. Foi justamente com a vitória por 3 a 2 sobre o maior rival, no domingo, que o Galo consolidou a segunda colocação e a vaga direta na fase de grupos da Libertadores de 2013, 12 anos depois da última aparição do clube do torneio sul-americano. As boas exibições em 2012 renderam prêmios a diversos jogadores. Réver, Leonardo Silva, Marcos Rocha e Ronaldinho estiveram na seleção do Campeonato Brasileiro, além de Bernard, eleito a revelação. Mas também representou um prêmio ao torcedor atleticano, cujo amor pelo time foi colocado à prova em inúmeras ocasiões.

Difícil afirmar com plena convicção que o desempenho do Atlético Mineiro neste ano garante a equipe brigando por títulos no futuro. O Palmeiras, por exemplo, chegou a fazer boas campanhas após o rebaixamento, mas, depois de duas temporadas ruins, retornou à segunda divisão. Porém, o primeiro passo foi dado. O Atlético voltou a impor respeito dentro de campo, principalmente com as contratações de Victor e Ronaldinho, dois jogadores acima dos padrões brasileiros. Atletas desse nível são fundamentais para repartir a responsabilidade com os mais jovens, que naturalmente começam a aparecer - foi assim com Bernard em 2012. Essa pressão é comum para o Galo, clube que, apesar de todas as adversidades citadas acima, continua sendo um gigante.

No vídeo abaixo, confira a vitória por 3 a 2 do Atlético Mineiro em cima do Cruzeiro. Com o resultado positivo sobre o maior rival, atleticanos consolidaram a segunda posição no Campeonato Brasileiro e a vaga direta na Libertadores de 2013.

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