terça-feira, 12 de junho de 2012

As emoções proporcionadas pelos anfitriões e os destaques dessa primeira rodada de Eurocopa

Shevchenko inflamou a torcida ucraniana ao marcar dois gols na Suécia

A Euro 2012 está apenas em seu início. Até agora, somente a primeira rodada foi disputada. Mas as oito partidas às quais assistimos já nos proporcionaram momentos emocionantes. Curiosamente, os dois mais marcantes tiveram como protagonistas os anfitriões da competição: Polônia e Ucrânia. No jogo de estreia, na sexta-feira, Przemyslaw Tyton, o terceiro goleiro polonês (que se tornou o segundo depois do corte do lesionado Fabianski), entrou em campo após a expulsão do titular Szczęsny e virou herói ao defender penalidade cobrada pelo grego Karagounis, ajudando a equipe da casa a ficar no empate em 1 a 1. Três dias depois, os ucranianos viram no estádio o ídolo Andriy Shevchenko, já distante do período que o consagrou no mundo do futebol, marcando dois gols e conduzindo sua seleção à vitória por 2 a 1 sobre a Suécia.

Estádios lotados, gramados em boa condição e bonitas festas nas arquibancadas já puderam ser percebidos e certamente se repetirão nas partidas seguintes. Gols também não faltaram nesse começo. As redes balançaram em vinte ocasiões - quatro a mais em relação à edição de 2008 -, sendo que nenhum jogo passou em branco. Uma competição com essas qualidades bem evidentes merece atenção especial. Por esse motivo, a partir de hoje, farei uma análise depois de cada rodada. Darei a minha opinião sobre os seguintes quesitos: "o cara" (destaque individual das partidas), "o grande jogo" (embate que mais me agradou, técnica, tática ou emocionalmente), "a grande exibição" (seleção que apresentou o melhor futebol da rodada), "a decepção" (equipe que não fez bonito em seu jogo) e "o golaço". Começo logo a seguir com a primeira rodada.

O cara: muitos achavam que ele nem jogaria a primeira rodada como titular. Levando em consideração a qualidade técnica, seria absurdo deixar um atleta de seu calibre no banco de reservas. O que pesava na decisão de colocá-lo ou não em campo na estreia da anfitriã Ucrânia era a questão física. O lendário Andriy Shevchenko, no entanto, aos 35 anos superou as adversidades que o corpo humano naturalmente nos impõe com o tempo e fez os fãs de futebol relembrarem os momentos que o consagraram no esporte ao comandar a vitória ucraniana por 2 a 1 sobre a Suécia de Zlatan Ibrahimovic. O sueco colocou sua seleção na frente, mas, empurrados pelos torcedores que lotaram o estádio, os ucranianos viraram o placar e saíram com a vitória, que dificilmente viria se "Sheva" não estivesse lá para, como nos velhos tempos, empurrar a bola para as redes.

O grande jogo: a expectativa para o duelo entre Espanha e Itália era grande. Afinal, a partida reuniria os vencedores das últimas duas Copas do Mundo, além de ser a reedição de uma das quartas-de-final da Euro 2008, ocasião na qual os espanhóis venceram nos pênaltis e avançaram às semifinais. Em campo, um duelo tático interessante, com os dois países se inspirando nos esquemas de jogo de equipes nacionais. De um lado, a seleção italiana, organizada em um sistema com três zagueiros à la Juventus, clube representado por seis jogadores no time titular. De outro, a seleção espanhola, que, a exemplo do Barcelona, optou por entrar em campo sem nenhum atacante de referência - na maioria do tempo, a função coube a Cesc Fàbregas. Por fim, 1 a 1 no placar (gols de Fàbregas e Di Natale) com sabor de vitória para os italianos.

A grande exibição: a melhor atuação nessa primeira rodada de Eurocopa veio de uma equipe que já havia feito bonito na edição anterior do torneio, em 2008. À parte as deficiências defensivas da República Tcheca - que tem Petr Cech no gol, mas uma defesa longe de ser consistente como a do campeão europeu Chelsea -, a seleção russa venceu na estreia por 4 a 1 e apresentou o futebol mais legal de ser visto no início da competição. Armada em um esquema com jogadores muito velozes e eficientes no contra-ataque (destaque para Arshavin e Dzagoev, que jogam pelos lados), a Rússia só não construiu um placar maior por conta dos erros do atacante Kherzakov no momento da conclusão. A seleção russa já é vista como favorita à liderança em um grupo que não conta com nenhum time de ponta, já que o cabeça-de-chave é a anfitriã Polônia.

A decepção: quando o assunto é o título da Euro 2012, não há muitas discussões em relação às equipes teoricamente com maiores chances de conquistar o caneco: Espanha, Holanda e Alemanha, os três melhores colocados na Copa do Mundo de 2010. Os holandeses, no entanto, não confirmaram o favoritismo na estreia e acabaram derrotados pela Dinamarca. Os comandados de Bert van Marwijk até que criaram as oportunidades (de acordo com o site da UEFA, foram 28 finalizações), mas não as converteram em gols. Qualidade técnica a Holanda tem de sobra para se recuperar e seguir rumo ao título. E uma curiosidade: a última seleção a estrear com derrota e acabar com o troféu foi justamente a holandesa, em 1988, ano em que perdeu para a União Soviética na primeira rodada, mas se recuperou e venceu os próprios soviéticos na decisão.

O golaço: enquanto esteve em campo na partida contra a República Tcheca, o russo Aleksander Kerzhakov cansou de perder gols. Até que, inevitavelmente, o treinador holandês Dick Advocaat decidiu sacá-lo (justiça seja feita, a atuação infeliz nessa partida não pode apagar a ótima temporada de Kerzhakov, vice-artilheiro do último Campeonato Russo com 23 gols marcados com a camisa do campeão Zenit) . Em seu lugar, entrou Roman Pavlyuchenko, que não demorou muito para, ao contrário do companheiro de equipe, balançar as redes de Petr Cech. Pavlyuchenko deu números finais à goleada russa por 4 a 1 ao marcar um bonito gol, no qual faz o que quer com a defesa tcheca e, depois, finaliza com perfeição de perna direita. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário