terça-feira, 26 de junho de 2012

A "cavadinha" de Pirlo, o golaço de Khedira e os demais destaques das quartas-de-final da Euro

Pirlo, "cérebro pensante" da Azzurra e candidato a craque da Euro

As semifinais da Euro foram definidas no último domingo e começam a ser disputadas nesta quarta-feira. Brigando pelas vagas na grande decisão, quatro fortes seleções e dois jogos que prometem muito. A começar pelo duelo entre Cristiano Ronaldo, o maior finalizador da competição - são 29 chutes, média de quase 8 por partida -, e a melhor defesa, a da Espanha, que só sofreu um gol - na estreia contra a Itália, com quem os espanhóis empataram em 1 a 1. Um dia depois, Alemanha e Itália protagonizam um dos embates mais tradicionais do futebol. Ainda que muitas vezes o retrospecto não influencie o resultado de um jogo, é impossível não associar esse clássico aos sete títulos mundiais - quatro italianos e três alemães - que estarão em campo e a embates históricos, como a vitória por 4 a 3 da Itália na incrível semifinal da Copa do Mundo de 1970.

Antes disso, duas considerações sobre as quartas-de-final. Cristiano Ronaldo mais uma vez decidiu a favor da seleção portuguesa ao marcar o gol da vitória por 1 a 0 sobre a República Tcheca. Boas atuações do camisa 7 na Euro, além de levarem Portugal cada vez mais longe, certamente serão fundamentais para o atacante do Real Madrid superar Lionel Messi na eleição do melhor do mundo no final do ano. Também chamou a atenção a partida entre Itália e Inglaterra. Essas duas equipes ficaram no empate em 0 a 0 no tempo normal, mas chances de abrir o placar não faltaram: foram 24 chutes a gol, o jogo com os números mais expressivos nesse quesito. Curiosamente, 20 deles partiram da Itália, seleção ainda vista por muitos como um time que se restringe ao seu forte setor defensivo. Outros destaques das quartas, como o grande jogador, a seguir.

O cara:
a temporada de Andrea Pirlo com a camisa da Juventus já havia sido sensacional. Logo no seu primeiro ano em Turim, o meia foi o cérebro pensante da Velha Senhora, campeã italiana invicta, distribuindo 13 assistências e participando diretamente de muitos dos 68 gols da equipe no campeonato. Agora, Pirlo parece querer fechar com chave-de-ouro as suas atuações pela Juve fazendo uma bela Eurocopa com a Itália. Afinal, é dos pés dele que saem as melhores jogadas da Azzurra, como o passe para Di Natale marcar um bonito gol na difícil partida contra a Espanha, pela primeira rodada da fase de grupos. Na vitória diante da Inglaterra, pelas quartas-de-final, o camisa 21 abusou de sua qualidade técnica ao bater um pênalti "à la Antonin Panenka", tcheco que cobrou uma penalidade com cavadinha e garantiu o título europeu à Tchecoslováquia em 1976.

O grande jogo: muitos acreditavam que a melhor partida das quartas-de-final aconteceria em Donetsk, na Ucrânia, onde Espanha e França se enfrentaram no sábado. No entanto, o palco do grande jogo dessa fase foi Kiev, cidade que recebeu o emocionante duelo entre Itália e Inglaterra. Apesar do 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, sobraram chances de inaugurar o placar: foram 44 tentativas de gol, a maioria delas por parte dos italianos. Mas a igualdade persistiu, e a decisão do adversário da Alemanha nas semifinais só veio nos pênaltis. As penalidades estiveram à altura do tempo regulamentar e proporcionaram de tudo: chute para fora, explosão da bola no travessão, defesa do lendário Buffon e cavadinha do experiente Pirlo. Por fim, quem levou a melhor foi a Azzurra, que não me surpreenderá se vencer a forte seleção alemã e avançar à final.

A grande exibição: apesar do adversário teoricamente frágil e de ter levado alguns sustos ao longo da partida, como no momento do gol de empate da Grécia, a melhor atuação das quartas-de-final da Euro foi da Alemanha. E o que mais chamou a atenção nessa vitória foram as mudanças promovidas por Joachim Löw. O treinador se deu ao luxo de sacar da equipe jogadores do nível de Thomas Müller, Podolski e Mário Gomez. Em seus lugaes, entraram Marco Reus, meia que fez excelente Bundesliga com a camisa do Borussia Mönchengladbach e que na próxima temporada defenderá as cores do Borussia Dortmund, Klose, o segundo maior artilheiro da história da seleção alemã, e André Schurrle, atacante pretendido pelo campeão europeu Chelsea. A já conhecida qualidade do elenco foi provada, e dois deles - Reus e Klose - marcaram gols.

A decepção: a França da Euro 2012 era um pouco diferente em relação à equipe que havia disputado a Copa do Mundo de 2010. Dentro de campo, jogadores de qualidade que não participaram do Mundial da África do Sul, como Nasri e Benzema. Fora das quatro linhas, o comando coube a Laurent Blanc, e não a Raymond Domenech, o treinador francês na última Copa. Apesar dessas significativas mudanças, no entanto, o cenário foi praticamente o mesmo: muita confusão no vestiário e, consequentemente, maus resultados. Muitos podem dizer que perder para a Espanha, talvez a seleção mais forte do torneio, não é nenhum absurdo. Realmente. Porém, é importante ressaltar que os franceses só duelaram com os atuais campeões já nas quartas-de-final por conta da derrota por 2 a 0 para a já eliminada Suécia na última rodada da fase de grupos.

O golaço: no papel, Sami Khedira é o responsável por cumprir a função de primeiro volante no Real Madrid e na seleção alemã. Diversas pessoas naturalmente associam essa posição ao atleta que não tem muitos recursos técnicos e que na maioria das vezes se limita à marcação. Vale dizer que esse pensamento já está impregnado na cabeça daqueles que acompanham futebol porque os próprios treinadores acreditam que o primeiro homem de meio-campo deve ser somente o famoso "cão-de-guarda". Khedira, no entanto, tratou de desmentir essa tese e marcou um lindo gol na vitória de seu time sobre a Grécia por 4 a 2. O camisa 6 da forte Alemanha aproveitou cruzamento vindo da direita e completou de primeira para o gol de Sifakis, que não pôde fazer muita coisa para evitar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário