sábado, 10 de novembro de 2012

Falta de peso de camisa e pouca tradição em determinado torneio explicam sozinhas uma má campanha?

Citizens vivem situação complicada na Champions
Na última terça-feira, pela Liga dos Campeões, o Manchester City não passou de um empate em 2 a 2 com o Ajax. O resultado foi péssimo para os Citizens, que continuam na lanterna do chamado "grupo da morte" com possibilidades remotas de classificação. Em quatro jogos, o clube inglês somou apenas dois pontos, cinco a menos que o Real Madrid, o segundo colocado, e seis em relação ao líder Borussia Dortmund. Tudo isso faltando duas rodadas para o fim da fase de grupos. São grandes as chances, portanto, de o City não alcançar sequer o mata-mata pela segunda aparição consecutiva no torneio continental.

Más campanhas como essa fazem com que as pessoas busquem explicações para um desempenho tão fraco. O motivo que justifica a queda de rendimento do City na Champions parece unanimidade e já é do conhecimento da maioria: "falta de tradição em competições europeias". Afinal, essa é apenas a terceira participação do clube na história do principal torneio da Europa, que começou a ser disputado em 1955. A primeira foi na temporada 1968/1969, quando o time azul de Manchester vinha de um título inglês. Mais de 40 anos se passaram para os Citizens retornarem à elite europeia - a volta aconteceu na temporada 2011/2012 após a 3ª colocação na Premier League. Esse fator é relevante e, sem dúvida, deve ser levado em consideração.

Mas será que ele por si só explica os fracos números do Manchester City na Liga dos Campeões? Na minha opinião, não. É importante considerar que, tanto nesta quanto na última temporada, o time de Roberto Mancini caiu em grupos fortes. Em 2011, ficou atrás do finalista Bayern de Munique e do Napoli, que perdeu no mata-mata para o campeão Chelsea. Em 2012, divide a chave com outros três campeões nacionais. Já na partida de terça, por exemplo, não só a tradição do tetracampeão europeu Ajax teve influência no bom resultado conquistado pelos holandeses. Erros de arbitragem - gol legal de Aguero anulado e pênalti não marcado em Balotelli - e duelos táticos também fizeram parte do jogo, como destaca o jornalista André Rocha em seu blog.

Além disso, se apenas a tradição e o peso da camisa são determinantes em um jogo de futebol, o que justifica a excelente campanha do Málaga nessa mesma Champions? Em sua primeira aparição na história da competição europeia, a equipe espanhola tem o segundo melhor desempenho entre os 32 times, muitos deles "gigantes", que disputam a fase de grupos. O Málaga é o líder do grupo C com 10 pontos ganhos, deixando na segunda colocação o Milan, clube que levantou o troféu do torneio nada menos que sete vezes. Aliás, nos duelos entre os dois times, essa diferença de títulos pouca diferença fez. Os espanhóis venceram em casa e por pouco não levaram os três pontos na Itália: empate em 1 a 1, resultado que já lhes garantiu vaga no mata-mata.

Sem falar que eliminações precoces na Liga dos Campeões não são exclusividade de clubes com poucos resultados expressivos no torneio. O exemplo mais recente é o do Manchester United, principal rival do City e tricampeão europeu. Na última temporada, o time de Alex Ferguson vinha de um vice-campeonato, mas o histórico positivo dos Red Devils na competição não foi suficiente para evitar a queda ainda na fase de grupos. Em sua chave, o United ficou atrás do Benfica e do Basel, que nunca chegou perto de levantar o caneco. A equipe vermelha de Manchester, inclusive, já havia dado adeus mais cedo à competição na temporada 2005/2006. O mesmo aconteceu com Juventus - bicampeã - e Liverpool - pentacampeão - na temporada 2009/2010.

Enfim, não quero dizer que a tradição é irrelevante e tem pouca influência em um resultado. Enfrentar um time campeão e acostumado às vitórias é na maioria das vezes bem mais complicado. No entanto, acho muito precipitado atribuir o desempenho de uma equipe exclusivamente à história, até porque, em algumas ocasiões, o "currículo" dos atletas que compõem o elenco não coincide com o do clube que defendem. O futebol é um esporte muito complexo para se resumir a explicações exatas. Um passe errado, uma finalização certeira, uma substituição, uma falha do juiz e uma defesa milagrosa. São diversos os fatores que determinam um placar, um rebaixamento ou um título. Buscar uma única justificativa, assim, pode nos induzir ao erro.

No vídeo abaixo, confira os gols do empate em 2 a 2 entre Manchester City e Ajax. Má campanha dos ingleses vai além da "falta de tradição" na Champions. Erros de arbitragem, duelos táticos e atuações individuais também têm influência.

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