sexta-feira, 17 de maio de 2013

Felipão abre mão de atletas experientes e acostumados a "jogos grandes". Com isso, aumenta a pressão sobre Neymar

Ramires, uma das principais ausências da convocação
Luiz Felipe Scolari convocou na última terça-feira a seleção brasileira para a disputa da Copa das Confederações, em junho. Ao todo, foram chamados 23 jogadores, que se apresentam no dia 27 de maio para o início da preparação. Na lista, algumas questões merecem ser destacadas. Uma delas é a grande quantidade de atletas que atuam no Brasil: 11, quatro a mais em relação à convocação de Dunga para o mesmo torneio em 2009 e sete em comparação com o grupo de 2005, comandado por Carlos Alberto Parreira. Esse é mais um indício do fortalecimento do mercado brasileiro nos últimos anos.

Outro ponto que chamou a minha atenção foi a média de idade. Esse elenco de Felipão tem uma média de 26 anos, que em 2014 será de 27 se os convocados para a Copa do Mundo forem os mesmos. Os números mostram que a seleção rejuvenesceu se comparada com a do Mundial de 2010, com média de 28,6 anos. E tal mudança é compreensível, já que alguns "medalhões" cederam espaço a talentos como Lucas, Oscar e Neymar. Ao mesmo tempo, dá para dizer que esse grupo não é tão jovem como muitos acreditam. Para se ter uma ideia, o Brasil foi a apenas quatro Copas com média de idade superior a 27: 1962, 1994, 2006 e 2010. Sem falar que a convocação de Scolari conta com 14 atletas acima de 25 anos, e quatro têm 30 ou mais.

Mas é preciso analisar o outro lado da moeda. Embora não seja uma seleção tão nova, vale ressaltar que, entre os 23 convocados, apenas Júlio César, Thiago Silva, Daniel Alves e Fred já disputaram uma Copa do Mundo. Além disso, o time de Felipão conta com um protagonista muito jovem: Neymar. Por ser tecnicamente o atleta diferenciado dessa equipe, é normal que grande parte da pressão pelos resultados caia sobre o santista. É dele que o torcedor brasileiro sempre vai esperar um lance decisivo, principalmente nos momentos complicados de uma partida. O problema é que Neymar terá somente 22 anos em junho do ano que vem, muito pouco para lidar com a quase obrigação de evitar um novo "Maracanaço" e conduzir o Brasil ao esperado título em casa.

E é até pela idade e por nunca ter atuado na Europa que Neymar, a meu ver, ainda está pouco acostumado aos "jogos grandes", cuja repercussão ultrapassa os limites da América do Sul, como será no Mundial do Brasil. Reconheço que o santista já participou de duelos importantes por aqui, como os clássicos e a decisão da Libertadores de 2011. Mas essas não são pelejas que o planeta inteiro acompanha e nas quais a pressão naturalmente é maior. Neymar talvez tenha sentido isso somente naquela goleada de 4 a 0 para o Barcelona, em 2011. Se a seleção disputasse, as Eliminatórias até poderiam dar um pouco de rodagem a ele, sobretudo os jogos contra a Argentina. Amistosos contra seleções tradicionais ajudam, mas não têm o peso de uma competição.

Por esse motivo não concordei com as ausências de Ramires e Ronaldinho. Os dois seriam úteis não só do ponto de vista técnico, mas principalmente para dividir a responsabilidade com Neymar, já que estão habituados com jogos de grande apelo. Ramires, por exemplo, chegou ao Chelsea em 2010, e desde então já disputou várias partidas de repercussão mundial, chegando a marcar gols decisivos. Foi assim na final da FA Cup, contra o Liverpool, e nas semifinais da Champions diante do Barcelona, em pleno Camp Nou, ambos em 2012. Essa experiência em jogos desse tipo pode fazer a diferença em 2014, que será um ano de muita pressão sobre o time brasileiro. Por isso acredito que Kaká também tenha espaço, embora não jogue com frequência no Real Madrid.

As razões que levaram Felipão a não convocar Ramires e Ronaldinho ainda não são claras. Fala-se muito que questões disciplinares interferiram na escolha do técnico, o que, na minha visão, é um erro. Atualmente, a seleção não pode se dar ao luxo de recusar jogadores desse nível. Tive a mesma opinião quando Mano Menezes deixou de fora de várias convocações o lateral-esquerdo Marcelo, que hoje é absoluto na posição. Também é possível cogitar a hipótese de uma "repreensão momentânea" e de o treinador recolocar os dois no grupo até a Copa do Mundo. Para mim seria uma decisão correta, mas nesse caso o técnico já teria perdido a melhor chance de dar uma cara à equipe com que deseja contar no Mundial de 2014, que é a Copa das Confederações.

Apenas como curiosidade, a minha convocação seria a seguinte:

Goleiros: Júlio César (Queens Park Rangers-ING), Diego Cavalieri (Fluminense) e Diego Alves (Valencia-ESP)

Defensores: Thiago Silva (PSG-FRA), David Luiz (Chelsea-ING), Dante (Bayern-ALE), Réver (Atlético Mineiro), Daniel Alves (Barcelona-ESP), Rafael (Manchester United-ING), Marcelo (Real Madrid-ESP) e Adriano (Barcelona-ESP)

Meio-campistas: Ralf (Corinthians), Fernando (Grêmio), Paulinho (Corinthians), Ramires (Chelsea-ING), Hernanes (Lazio-ITA), Ronaldinho (Atlético Mineiro), Kaká (Real Madrid-ESP), Oscar (Chelsea-ING) e Lucas (PSG-FRA)

Atacantes: Neymar (Santos), Alexandre Pato (Corinthians) e Fred (Fluminense)

No vídeo abaixo, relembre como foi o decisivo gol de Ramires contra o Barcelona nas semifinais da Champions 2011/2012. Experiência do ex-cruzeirense em jogos como esse pode ser fundamental para uma seleção com um protagonista tão jovem.



Fonte de pesquisa: Trivela.com.br

Um comentário:

  1. Boa, Cairo. Talvez o fato de ter um protagonista tão jovem e tantos jogadores que nunca disputaram Copa ajudem a explicar porque há essa tendência a considerarmos o time jovem, mesmo não sendo. "Inexperiente" pode ser mais adequado.
    E é verdade, Felipão chamou André Santos algumas vezes, pra deixar Ramires de fora por um jantar? estranho...
    abraço

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